Menino morto a tiro no Alemão é enterrado
Família de Benjamin, de 1 ano, recebeu doação para fazer o sepultamento
Enquanto o Complexo do Alemão era palco de mais um episódio de tiroteio, o menino Benjamin, de 1 ano, que morreu com um tiro na cabeça na comunidade na noite de sexta-feira, foi enterrado ontem. Parantes e amigos pediram justiça no sepultamento, no cemitério Maruí, em Niterói. Muito abalada, a mãe da criança, Paloma Maria Novaes, de 29 anos, que foi ferida de raspão na troca de tiros entre policiais e bandidos, passou mal durante o enterro.
A família não tinha dinheiro para fazer o enterro do menino, mas receberam ajuda de uma pessoa anônima que arcou com tudo. O pai de Benjamin, Fábio Antônio da Silva, de 38 anos, não quis dar o nome do doador, mas agradeceu. “Deus providenciou uma estrela”.
No enterro, Fábio cobrou respostas das autoridades para o crime. “Meu filho foi impedido de poder sonhar. Eu pensava que meu filho tinha liberdade de andar. Peço a Deus que outros pais não precisem sentir o que estou sentindo agora. Espero que os órgãos públicos venham dar respostas e que investiguem como estão fazendo no caso da vereadora (Marielle Franco)”, desabafou.
O superintendente da Grande Inhaúma e Complexo do Alemão, Romildo Jucá, esteve no velório e disse que foi enviado pelo prefeito Marcelo Crivella. “O prefeito está muito triste com vidas inocentes sendo ceifadas. Ele se colocou à disposição para prestar toda a assistência necessária aos parentes”. Antes da chegada do representante, o pai do menino tinha se queixado de não ter recebido apoio de nenhuma autoridade do poder público.
Amigos do pai do menino reclamaram da atuação dos policiais militares nas favelas. O guarda municipal Flávio Neto, de 39 anos, reprovou o confronto que vitimou Benjamin. “Parece que a vida não vale nada”.
O menino foi morto na hora por um tiro na cabeça, na Avenida Itaoca, na Nova Brasília, enquanto estava sentando em um carrinho, acompanhada da mãe. Paloma havia descido do ônibus no local para comprar um algodão doce para a criança. A troca de tiros entre policiais da UPP e bandidos deixou ainda outras duas vítimas fatais: Maria Lúcia da Costa, 58 e José Roberto Ribeiro da Silva.