Teatro que se transformou em ruínas
Sete anos após incêndio que destruiu o Villa-Lobos, governo anuncia licitação para reforma e gestão
Fechado desde 2011 por conta de um incêndio que destruiu toda sua estrutura, o Teatro Villa-Lobos, em Copacabana, deve ser finalmente reformado. Depois da pressão de artistas e moradores do bairro, a Secretaria de Estado de Cultura lançará na segunda-feira um edital de licitação para reforma e gestão da casa de espetáculos. A empresa que vencer a concorrência também terá o direito de rebatizar o local. Os custos da obra estão estimados em R$ 28 milhões.
O abandono do teatro causou indignação entre a classe artística e motivou uma manifestação em frente ao local na terça-feira. A atriz Stella Maria Rodrigues, de 51 anos, que já atuou no Villa-Lobos e foi uma das idealizadoras do protesto, lamentou o estado em que a casa de espetáculos se encontra e criticou a falta de informações com relação ao futuro do estabelecimento.
“O Teatro Villa-Lobos faz parte da história cultural do Rio de Janeiro. Assisti muitos espetáculos por lá e atuei naquele palco também. Mas quando vi a atual situação do lugar confesso que me assustei. Foi horrível, a mesma sensação de quando não nos encontramos com um parente por muito tempo e ao vê-lo doente tomamos um susto. A situação é tão precária que lá dentro pode até ter foco de dengue”, relatou Stella.
Para a atriz Thaís Vaz, de 37 anos, que também esteve presente no ato em frente ao Teatro Villa-Lobos, o estado de degradação do local é um reflexo do cenário cultural do Rio. “São mais de 35 teatros fechados no estado. O teatro Glória, que também é ícone do Rio de Janeiro, está na mesma situação: abandonado. Estão destruindo a história e a cultura do nosso estado”, comentou. “A cultura tem um papel muito importante na construção do caráter do ser humano, e o teatro tem a função de promover um debate em prol da sociedade”, completou Thaís.
Em 2016, a Secretaria de Estado de Cultura já havia lançado um edital para a reconstrução e gestão do Teatro Villa-Lobos, mas o processo não foi finalizado. Por nota, a pasta informou que o local passou por uma primeira fase de obras logo após o incêndio, mas explicou que a etapa não foi suficiente para a reabertura do espaço pela necessidade de se revisar projetos de infraestrutura e subsolo. No entanto, a secretaria não especificou os motivos pelo qual não deu continuidade às obras. O órgão destacou apenas que “passada a grave crise financeira de 2017, a prioridade é devolver o teatro de Copacabana à população”.
A cultura tem um papel importante na construção do caráter do ser humano, e o teatro tem a função de promover debate em prol da sociedade THAÍS VAZ, atriz