O Dia

No vocal, o criador do ‘Negro Gato’

Getúlio Côrtes, autor do clássico imortaliza­do por Roberto Carlos, lança primeiro disco aos 80 anos

- RICARDO SCHOTT ricardo.schott@odia.com.br

Aos 80 anos, Getúlio Côrtes, autor de várias músicas gravadas por Roberto Carlos (como ‘Negro Gato’ e ‘Quase Fui Lhe Procurar’), é possivelme­nte o roqueiro mais idoso a estrear em disco. Quem for escutar ‘As Histórias de Getúlio Côrtes’ esperando um som jovemguard­ista e antigo, vai se surpreende­r. O material, que chega ao público hoje no Teatro Ipanema, às 20h30, e inclui sucessos do compositor repaginado­s, ganhou uma sonoridade pesada e moderna. Uma cortesia do produtor e guitarrist­a André Paixão e de Gustavo Benjão (guitarra), Melvin (baixo) e Marcelo Callado (bateria), que tocam em disco e show.

“Eles deixaram tudo com uma nova roupagem. Aquele som da época da Jovem Guarda ficou para trás. O repertório tem músicas antigas, mas com o som novo deles. Que é o meu som também!”, diz Getúlio, gargalhand­o.

VOZ NA CBS

‘As Histórias’ é o primeiro de Getúlio, mas não é a estreia do compositor nos vocais. Em 2002, ele participou de um disco-tributo a ele mesmo, ‘O Pulo do Negro Gato’, com participaç­ões de amigos como Erasmo Carlos, Leno, Fagner, Wanderléa, Jerry Adriani e de seu irmão - que é ninguém menos que o soulman Gerson King Combo. Na ocasião, Getúlio cantou em ‘Coração Embalsamad­o’.

“E nos anos 1960, eu fiz vocais em discos de Renato & Seus Blue Caps. Eu vivia na CBS (hoje Sony), era roadie deles. Bom, na época não era roadie, era carregador de instrument­os mesmo”, brinca, lembrando que sua carreira de compositor veio dessa época. Numa dessas sessões na CBS, Getúlio mostrou ‘Negro Gato’ para Renato, que acabou gravando a música - antes até de Roberto Carlos. A canção, lembra Getúlio, foi feita para um gato que andava sobre o teto de zinco de sua casa em Madureira e não o deixava dormir.

“Eu jogava pedra no gato para ele ir embora, e ele não parava. Mas fiquei com pena dele, me coloquei no lugar dele e fiz a música”, conta Getúlio, hoje morador de Botafogo. E que já teve vários felinos em casa. “Minha mãe criava gatos em Madureira. Hoje, moro em apartament­o e não dá pra ter gato aqui”.

Depois, Getúlio foi gravado por Reginaldo Rossi, Roberto Carlos, Tony Tornado e pelo próprio irmão. “O Raul Seixas (quando foi produtor da CBS) me pediu uma música para uma dupla chamada Tony & Frankie. Mas falou: ‘Quero uma letra bem doida’. Fiz ‘Patati Patatá’. Nada ali tem a ver com nada”, brinca.

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MARKãO OLIVEIRA/DIVULGAçãO Da esquerda: Getúlio (também abaixo), Callado, Melvin, Benjão e André lançam disco no Teatro Ipanema
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