Protesto lembra mortes violentas de crianças
Em Copacabana, manifestantes homenagearam vítimas como Maria Eduarda, morta há 1 ano. Tropas, que vêm sendo monitoradas pelo tráfico, patrulharam a Zona Sul.
Após 44 dias de intervenção federal no Rio, com a presença das Forças Armadas em operações em favelas e, desde segunda-feira, em patrulhamento nas ruas, a audácia de criminosos continua. Dois vídeos divulgados ontem mostram ameaças escrachadas a agentes de segurança. Em um deles, um homem aponta um fuzil para um comboio de blindados do Exército que passa na Linha Vermelha, em São Cristóvão. Outro, enviado ao WhatsApp do DIA, exibe dois bandidos na Rocinha, que alegam ser do grupo do traficante Rogério 157, e ostentam o desejo de matar policiais.
Os vídeos estão sendo analisados pelo Comando Conjunto da Intervenção Federal e pela Secretaria de Segurança. Segundo o porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Cinelli, as imagens da Linha Vermelha teriam sido feitas na terça-feira, e o alvo, aparentemente, seria um comboio que levava blindados para entregar às polícias no Palácio Duque de Caxias, no Centro. O bandido manda seu recado: “O governo tá bolado. Nós vai amassar o governo. Nós tá boladão com o governo, neguinho”. A gravação foi feita em um local atrás da Sede Náutica do clube São Cristóvão, na Maré.
Dois jovens que aparecem no vídeo da Rocinha, supostamente ligados a Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, portam uma pistola e anunciam ter “ódio da farda”. Eles não se acanham em mostrar os rostos. “Nós tá na pista. Se brotar, nós vai matar muito polícia da Choque, da Bope e da Core [...] Nós é contra o governo”. Rogério 157 está em presídio federal.
“Recebemos dezenas desses vídeos diariamente através do Disque-Denúncia (2253-1177), são situações recorrentes. Não podemos nos intimidar”, afirmou o coronel Cinelli. Ele informou que a Rocinha, onde foram registradas 12 mor- tes em oito dias, pode receber novas operações e que a favela está nas prioridades da Secretaria de Segurança. As declarações foram dadas durante campanha na Praia de Copacabana para estimular a população a denunciar crimes ao Disque-Denúncia, sob anonimato. Ontem, tropas do Exército circularam na Zona Sul e patrulhamento na cidade será mantido.
Segundo o especialista em Segurança Pública Paulo Storani, ex-comandante do Bope, o fuzil que aparece em um dos vídeos é um AK-47 novo, com iniciais marcadas, uma arma projetada para ser letal à distância e cuja munição pode chegar a 850 km/h. “Esse ma- terial é importante para que as pessoas compreendam o cenário que estamos vivendo no Rio, o potencial que os criminosos têm na mão. Acredito que a solução seja endurecer as leis para os crimes que têm violência agregada”.
O secretário de Segurança, general Richard Nunes, anunciou esta semana ações integradas para prevenir o roubo de carga a partir de abril, além da entrega de 265 viaturas à PM na segunda quinzena do mês.
Recebemos dezenas desses vídeos diariamente, são situações recorrentes. Não podemos nos intimidar
CARLOS CINELLI, coronel porta-voz do CML