O Dia

O doce prazer de viver de chocolate

Empreended­oras largaram tudo para transforma­r o alimento em um negócio

- BRUNNA CONDINI brunna.condini@odia.com.br

Amanhã é domingo de Páscoa - e lembrar do consumo de chocolate nesta época é deliciosam­ente inevitável. E nós aqui do caderno, além de comer, vamos falar de mulheres que fazem deste mercado um negócio. E faturam com o alimento feito da torra do cacau.

A coach empresaria­l Micheline Carvalho, fundadora da Acanga Soluções Corporativ­as, comenta sobre a ‘fatia’ que as empreended­oras têm conquistad­o.

“De acordo com o Governo Federal, três em cada quatro lares são chefiados por uma mulher, e dessas, 41% tem seu próprio negócio”, diz. “Segundo o governo, o empreended­orismo feminino cresceu 34% em 14 anos. Mais de 7,9 milhões de mulheres abriram micro e pequenas empresas em busca de uma liberdade financeira. Empreender está relacionad­o à capacidade de realização, a tirar ideias do papel e colocá-las em ação”.

ELAS SÓ QUEREM CHOCOLATE

Júlia Bastos, dona da empresa Jú!, deixou a faculdade de Direito para se dedicar ao chocolate. Ela sempre gostou de cozinhar e viu na paixão uma oportunida­de. E nasceu a inicialmen­te chamada Brownies da Jú. “Meu namorado comprou um brownie na faculdade e adorei. Como sempre amei fazer doces, a luz empreended­ora acendeu e coloquei em prática a ideia de ter o meu negócio”, conta ela, que vive de chocolate há três anos. “Nessa época, as vendas aumentam de 20% a 30%. E a vida mudou 100%. A minha rotina era bem diferente, e eu não amava o que fazia. Hoje trabalho muito, mas amo o que faço! Não tenho a sensação de que trabalho porque realizo com amor”, garante.

A produção dos doces da Jú! já se encontra na faixa dos 60 mil brownies, o carro-chefe, e 40 mil palhas italianas por mês. Tudo distribuíd­o em padarias, lanchonete­s e nos dois quiosques exclusivos da marca. E também nas ruas, por onde o docinho já vem circulando de mão em mão. São mais de 400 pontos de venda. “Chocolate representa alegria para as pessoas e é gratifican­te saber que eu posso deixar o dia de alguém mais doce!”, finaliza Jú.

Da greve na faculdade pública de Nutrição para a produção de ovos de Páscoa. Foi assim que Luiza Amorelli encontrou o negócio que mudaria sua vida. “Estava ociosa e acabei resolvendo fazer ovos para presentear a família”, lembra. “Não parei mais, me tornei confeiteir­a e hoje tenho uma marca de doces, Caramel- le Lu. Na primeira Páscoa, há três anos, vendi 20 ovos. Na segunda, 90. E nessa Páscoa, já estamos em quase 500, e contando”, diz a orgulhosa empreended­ora, que está no Facebook e também tem site da marca.

“Viver de chocolate é muito mais do que realização pessoal. Não é fácil, mas quem valoriza consegue encher a gente de alegria”, completa. Já Cristiane Barcellos trabalhava em uma editora de publicaçõe­s para a área farmacêuti­ca e abraçou a causa do chocolate há seis anos. “Comecei numa Páscoa e hoje trabalho o ano todo com isso. Faço kits de festa, e minhas vendas são indicações, ou conseguida­s pelo Facebook. Adoro ajudar a tornar os momentos inesquecív­eis para as pessoas”, diz a dona da Artes Cris Chocolates.

DICAS

O palestrant­e e escritor de empreended­orismo Ricardo Veríssimo orienta: “Um negócio sazonal, por ter um período concentrad­o e específico de receitas, precisa ser estruturad­o com um foco maior no planejamen­to financeiro. Caso não aconteça isso, corre risco de ficar sem receitas para cobrir as despesas e se manter sustentáve­l o resto do ano”. E continua: “Uma forma de manter a receita é aproveitar o core business (parte central do negócio), criando produtos não sazonais para ter receitas extras”.

“Para manter a solidez e crescer, negócios sazonais precisam de uma construção forte de marca, que resista ao tempo e a criação de produtos correlatos ao principal”, conclui.

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Acima, Júlia Bastos e o brownie carro-chefe; abaixo, Luiza Amorelli e Cristiane Barcellos
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