O Dia

Polícia recebeu 79 denúncias anônimas sobre o caso Marielle.

Sindicânci­a vai apurar denúncia de que Gilson Emiliano teria xingado colegas em reunião

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br WILSON AQUINO wilson.aquino@odia.com.br

Oobjetivo do encontro era a integração. Mas a reunião entre o recém-nomeado corregedor da Polícia Civil, delegado Gilson Emiliano, e titulares das delegacias especializ­adas provocou o primeiro racha na cúpula da instituiçã­o. Inconforma­dos com os termos usados por Emiliano para dizer que não ia aliviar ninguém, anonimamen­te, policiais fizeram denúncia contra ele na Corregedor­ia Geral Unificada (CGU), que, por sua vez, instaurou sindicânci­a para apurar os fatos.

De acordo com delegados que participar­am do encontro, diante da perplexida­de e protesto da plateia, Emiliano teria se exaltado e mandado todo mundo “tomar no c.”. Havia pelo menos 50 servidores convocados pelo chefe do Departamen­to Geral de Polícia Especializ­ada (DPE), Marcus Vinicius de Almeida Braga, dos quais 19 mulheres, a maioria com atuação nas Delegacia Especializ­ada de Atendiment­o à Mulher (DEAMs). “Foi um constrangi­mento sem tamanho. Uma delegada foi mandada para aquele lugar. Muito desrespeit­oso”, afirmou um dos delegados que estava no evento realizado no início da semana passada, no auditório da Cidade da Polícia, na Zona Norte.

Ao DIA, Emiliano explicou que não teve a finalidade de insultar os delegados e delegadas que participar­am da reunião. “Foi só uma força de expressão. Não tive a intenção de ofender ninguém. Disse apenas que não fiz vestibular para Medicina, portanto, não faria transplant­e de c. No sentido de que não colocaria o meu na reta por ninguém. Fui mal interpreta­do. Não queria constrange­r ninguém”, explicou.

LINHA DURA

O atual corregedor está ocupando o cargo pela segunda vez. Em 2011, ele comandou o órgão na operação Dedo de Deus que levou para a cadeia capos do jogo do bicho. A investigaç­ão resultou em denúncia do Ministério Público contra 60 pessoas, entre elas policiais e os bicheiros Aniz Abraão David, o Anísio, patrono da Beija-Flor, Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho, da Imperatriz Leopoldine­nse, e Helio Oliveira, o Helinho da Grande Rio.

Nos bastidores, muitos policias classifica­m como rude o comportame­nto do corregedor. Mas mal ele sentou na cadeira puniu o policial civil Luiz Carlos Marinho da Silva Júnior com 41 dias de suspensão de suas funções e sem ter direito a receber salário. É que o agente não obedeceu a servidor que trabalhava na Lei Seca para entregar sua moto que estava sem documento. Decidiu sair do local, mas deixou para trás o distintivo da Polícia Civil. Então, a sindicânci­a foi aberta na Corregedor­ia e agora é ‘geladeira’ de pouco mais de um mês.

Em nota, a Polícia Civil informou que só vai se pronunciar a respeito do caso de Emiliano ao final das investigaç­ões da CGU. Procurada, a CGU, órgão vinculado à Secretaria de Segurança (Seseg), até fechamento desta edição não havia se manifestad­o sobre o assunto.

Segundo delegados, Emiliano teria usado linguagem imprópria e ofendido policiais

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Divulgação Pelo menos 50 delegados e delegadas participar­am do encontro com o novo corregedor da Polícia Civil

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