Surpresa abate aliados de Lula
Petista acompanhou sessão ao lado de Dilma em sindicato do ABC. Público deixou local após voto de Rosa
Asinalização negativa no julgamento do habeas corpus do ex -presidente Lula surpreendeu presidenciáveis, companheiros de partido e parlamentares da base do governo. Militantes que aguardavam o resultado do julgamento deixaram a frente do STF, logo após a ministra Rosa Weber ler voto contrário ao petista. Muito abatidos, correlegionários e apoiadores guardaram bandeiras e se retiraram.
O deputado federal — e advogado — Wadih Damous (PT-RJ) falou em irresponsabilidade da presidente do Supremo, Cármen Lúcia, e escreveu: “Os nossos sonhos que nos mantêm acordados, em pé e de cabeça erguida para a próxima luta! Estamos com Lula!”.
O presidente do Psol, Juliano Medeiros, conclamou durante o protesto. “Temos que dar um basta nessa escalada de violência, de ódio, de intolerância e de autoritarismo; é um dever de todos que defendem a democracia”.
Do lado governista, poucos comentários. O presidente Michel Temer (MDB) não havia se manifestado até o fechamento desta edição. O presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MDBCE), não mencionou o julgamento. “Nos momentos de tensão social e política, a missão dos líderes que têm responsabilidade institucional é transmitir serenidade à população. É garantir que a Constituição, as Leis e a Democracia serão respeitadas. Esse é o melhor caminho para o Brasil, sem atalhos”, escreveu.
O presidente do PTB, Roberto
Jefferson, foi sarcástico. “Rollemberg (governador de Brasília) já pode cancelar o racionamento de água em Brasília a partir de amanhã. A choradeira dos petês (sic) vai fazer o reservatório da Capital chegar a 100%”.
Quanto aos presidenciáveis, os comentários se dividiram. Jair Bolsonaro (PSL) falou ao Canal Rural. “Se Lula for posto em liberdade, vai registrar candidatura. Isso põe um sinal vermelho para a nossa democracia e liberdade”. Guilherme Boulos (Psol) e Manuela D’Ávila (PCdoB) condenaram o julgamento. “Ao que parece, a maioria do STF se acovardou e cedeu a chantagem do comandante do Exército. Se de fato confirmar uma prisão política e sem qualquer prova de crime, o Supremo se apequenará diante da História”, disse Boulos. “Coragem para cumprir a Constituição”, tweetou D’Ávila, citando também frases do cantor Cazuza. Marina Silva (Rede) disse “esperar que o julgamento do STF possa reforçar o princípio republicano da igualdade de todos perante a lei”.
LULA EM SÃO BERNARDO
A assessoria de Lula da Silva informou na noite de ontem que o petista não iria se pronunciar. Ele assistiu ao julgamento na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff em uma sala reservada, sem aparelho de televisão, no segundo andar do prédio do sindicato. O voto da ministra Rosa Weber desanimou o público, que deixou o local pouco a pouco.
Convidados mais próximos, como o ex-prefeito Fernando Haddad, ficaram ao lado de Lula.