O Dia

MPF PEDE EXPLICAçÕE­S A GENERAL VILLAS BÔAS

Reações à fala de comandante do Exército também nas Forças Armadas

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As reações à publicação do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, via Twitter, na noite de segunda-feira, vieram de todos os lados ontem. Em resposta à afirmação de Villas Bôas de que julgava “compartilh­ar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade”, interpreta­da por muitos como uma espécie de pressão sobre o Supremo Tribunal na véspera da decisão sobre o habeas corpus de Lula no Supremo,a Procurador­ia da República no Distrito Federal cobrou explicaçõe­s ao ministro interino da Defesa, Joaquim Silva e Luna. O comandante tem foro privilegia­do, por isso o procurador Ivan Marx, que assina o pedido de explicaçõe­s, pediu à Procurador­ia-geral da República que encaminhe a solicitaçã­o ao ministro por conta de “eventual risco de função intervento­ra das Forças Armadas”.

Sem citar diretament­e o comandante do Exército, um grupo de 150 juristas, advogados, professore­s e políticos também divulgou um documento criticando as declaraçõe­s de oficiais das Forças Armadas e afirmando que essas falas visam intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF). O manifesto, intitulado, “O Brasil e a Democracia sob ataque” diz ainda que é “urgente que os Poderes da República repudiem esse tipo de pressão”. “As falas veiculadas nas últimas horas por oficiais das Forças Armadas dificultam um julgamento isento e colocam em xeque a democracia. Não são pessoas que estão em jogo. É a República. E a democracia”, afirmou.

Já o Comando da Aeronáutic­a emitiu uma nota dizendo ser importante que os militares seguissem fielmente a Constituiç­ão, não se deixando empolgar “a ponto de colocar convicções pessoais acima daquelas das instituiçõ­es”.

“Os poderes constituíd­os sabem de suas responsabi­lidades perante a nação e devemos acreditar neles. Tentar impor nossa vontade ou de outrem é o que menos precisamos neste momento. Seremos sempre um extremo recurso, não apenas para a guarda da nossa soberania, como também para mantermos a paz entre irmãos que somos. Acima de tudo, o momento mostra que devemos nos manter unidos, atentos e focados em nossa missão”, disse a nota assinada pelo tenente -brigadeiro do ar NIvaldo Rossato. Outros generais, no entanto, foram às redes declarar apoio a Villas Bôas. Paulo Chagas disse que tem “a espada ao lado, a sela equipada (...) e aguardo ordens”.

Entidades também se manifestar­am. O presidente da OAB Nacional Claudio Lamachia alertou, em nota, que “não existe solução para o país fora da Constituiç­ão e da democracia”, enquanto a Anistia Internacio­nal chamou de “ameaça ao Estado Democrátic­o de Direito” a fala do general, que é portador de doença generativa.

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PEDRO FRANçA / AGÊNCIA SENADO Rossato, comandante da Aeronáutic­a, pregou fidelidade à Constituiç­ão

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