O Dia

A livre aquisição de armas

- Arnaldo Niskier Da Academia Brasileira de Letras

Oroubo de armas tornou-se lugar comum no Brasil e acontece também nos Estados Unidos. Aqui houve o assassinat­o da vereadora Marielle e do motorista Anderson; lá um pouco antes ocorreu na Flórida, em Marjory Stoneman Douglas, 17 jovens foram mortos por um desequilib­rado, armado com um fuzil AR-15.

A reação do presidente Donald Trump foi imediata: “Se um professor tivesse uma arma, na escola da Flórida, isso não teria ocorrido: ele teria atirado e seria o fim disso tudo.”

Ou seja, o presidente norte-americano não criticou a farta e livre aquisição de armas em seu país, mas defendeu o estabeleci­mento de um clima de guerra entre alunos e professore­s. Certamente, ele não quis opor restrições a uma das indústrias mais prósperas dos Estados Unidos e que apoiou a sua candidatur­a à presidênci­a.

Há nítida falta de segurança nas escolas, agravada pela livre circulação de armas de guerra. É legal a venda de armas semiautomá­ticas, como o AR-15, comprado por Nikolas Cruz, o jovem assassino de 18 anos, numa loja em seu Estado. Na reunião com os pais, depois da tragédia, Trump fez uma série de promessas de duvidosa efetividad­e: questionar o limite mínimo de idade para comprar uma arma, aprimorar a segurança nas escolas e investir no tratamento de saúde mental para estudantes, o que naturalmen­te deve abranger também os ex-alunos, como é o caso presente.

A decisão imediata das autoridade­s, na Flórida, foi determinar que policiais locais passem a carregar armamento, inclusive fuzis, enquanto estiverem trabalhand­o na segurança das escolas, medida que a nosso ver padece de maior eficácia. É preciso evitar que essa loucura se instale no cérebro dos jovens - e esse é o papel da educação.

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