JUSTIÇA RÁPIDA
MPF pediu prisão urgente para ‘estancar sensação de onipotência’ de Lula
Houve uma verdadeira corrida nos bastidores antes que fosse sacramentada a decisão de determinar a prisão de Lula. Na quinta-feira, pela manhã, o presidente do TRF-4, Eduardo Thompson Flores — poucas horas depois da decisão do Supremo de negar o pedido de liberdade do ex-presidente —, em entrevista a rádio Jovem Pan, disse que o tribunal demoraria 30 dias para analisar os recursos da defesa (os chamados embargos dos embargos de declaração), antes de determinar a prisão.
A informação de Flores valeu pouco. À tarde, a expedição do mandado de prisão foi feita. O prazo - menos de 18 horas depois da decisão do Supremo - surpreendeu.
Ontem, o jornal El País Brasil revelou que o O Ministério Público Federal pediu ao juiz federal Nivaldo Brunoni, do TRF-4, para acelerar o processo de encarceramento do ex-presidente. O procurador da República Mauricio Gotardo Gerum argumentou que a pena de 12 anos e um mês do processo do tríplex do Guarujá, deveria começar a ser cumprida de forma imediata “para estancar a sensação de onipotência” de Lula, que não estaria se submetendo às decisões judiciais. “O pedido não é padrão. O julgamento do Supremo sobre o HC de Lula acabou de madrugada e não houve comunicação. Os atos processuais são comunicados formalmente e não pela TV”, comentou o professor Thiago Bottino, da FGV Direito Rio.
No documento, o procurador termina com um pedido expresso para que o TRF-4 oficie “com urgência ao juízo de primeira instância para o imediato cumprimento da ordem de prisão”. “Está errado prender o Lula? Isso é outra coisa. Agora, as comunicações processuais não são feitas pela imprensa. Houve uma agilidade do TRF-4 e do juiz Sérgio Moro que também fogem do padrão”, analisou Thiago Bottino.
A determinação da prisão de Lula pelo TRF-4 saiu às 17h31, com a urgência que foi pedida. Dezenove minutos depois, veio o despacho de Moro com a ordem de prisão.