O Dia

É deixado no chão

Jadir Antunes, que é cadeirante e disputou os Jogos ParapanAme­ricanos, foi retirado de seu carro sem a cadeira de rodas

- RaFaEL NaSCiMENTo rafael.nascimento@odia.com.br

iquei ali pensando como poderia chegar até minha irmã para pedir ajuda. Foi desumano o que fizeram”. Esse é o desabafo emocionado do atleta paralímpic­o Jadir Antunes, de 52 anos. Ele é cadeirante e foi arrancado por dois bandidos de dentro de seu carro e jogado na calçada no Centro de Nova Iguaçu durante assalto, na manhã de quinta-feira, na Rua Teresinha Pinto. Jadir teve que se arrastar por quase 100 metros para ser socorrido pela irmã e a esposa, que ele tinha deixado em um ponto de ônibus.

O ataque aconteceu às 5h30, ao lado da prefeitura da cidade, e os criminosos roubaram os pertences da vítima e fugiram no carro dele, um Prisma LP Sedan automático. Jadir disputou os Jogos Parapan-Americanos no Rio, em 2007, e também defende o time de basquete de rodas do Fluminense. Ele é tricampeão de handebol sul-americano e agente educativo da Operação Lei Seca.

“Me senti impotente e sem poder fazer nada. Fui deixar a minha esposa e na volta eles me pegaram. Eu prestei atenção só em um homem que durante todo o tempo apontava a arma. Eu disse que o carro era automático. Eles (os bandidos) entraram e fugiram na contramão”, lembrou Jadir. “Antigament­e, os criminosos tinham um ‘código de ética’. Eles respeitava­m algumas situações. Ontem, eu poderia ter tomado um tiro e ter morrido. Mas, graças a Deus, não aconteceu nada demais. O que mais me doeu foi que eu ali e ninguém me ajudou”, lamentou, Jadir, emocionado.

Jadir perdeu as pernas aos seis anos de idade, após um atropelame­nto. Morando em Vila Iracema, em Nova Iguaçu, há seis anos, ele acorda todos os dias às 5h, prepara o café da manhã da mulher, a agente administra­tiva Gelcineia Chaves, de 41, que também é cadeirante, e a deixa num ponto de ônibus, a 15 minutos de casa, para ela seguir para o trabalho. Por ser um trajeto curto e ele não precisar descer o carro, o paratleta não costuma levar a cadeira de rodas.

“Ele tentou pedir ajuda, mas ninguém parou. Como a cidade está tão violenta, as pessoas não se solidariza­m mais umas com as outras. Infelizmen­te, as pessoas estão perdendo a humanidade. Isso dói”, reclamou Gelcineia.

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