É deixado no chão
Jadir Antunes, que é cadeirante e disputou os Jogos ParapanAmericanos, foi retirado de seu carro sem a cadeira de rodas
iquei ali pensando como poderia chegar até minha irmã para pedir ajuda. Foi desumano o que fizeram”. Esse é o desabafo emocionado do atleta paralímpico Jadir Antunes, de 52 anos. Ele é cadeirante e foi arrancado por dois bandidos de dentro de seu carro e jogado na calçada no Centro de Nova Iguaçu durante assalto, na manhã de quinta-feira, na Rua Teresinha Pinto. Jadir teve que se arrastar por quase 100 metros para ser socorrido pela irmã e a esposa, que ele tinha deixado em um ponto de ônibus.
O ataque aconteceu às 5h30, ao lado da prefeitura da cidade, e os criminosos roubaram os pertences da vítima e fugiram no carro dele, um Prisma LP Sedan automático. Jadir disputou os Jogos Parapan-Americanos no Rio, em 2007, e também defende o time de basquete de rodas do Fluminense. Ele é tricampeão de handebol sul-americano e agente educativo da Operação Lei Seca.
“Me senti impotente e sem poder fazer nada. Fui deixar a minha esposa e na volta eles me pegaram. Eu prestei atenção só em um homem que durante todo o tempo apontava a arma. Eu disse que o carro era automático. Eles (os bandidos) entraram e fugiram na contramão”, lembrou Jadir. “Antigamente, os criminosos tinham um ‘código de ética’. Eles respeitavam algumas situações. Ontem, eu poderia ter tomado um tiro e ter morrido. Mas, graças a Deus, não aconteceu nada demais. O que mais me doeu foi que eu ali e ninguém me ajudou”, lamentou, Jadir, emocionado.
Jadir perdeu as pernas aos seis anos de idade, após um atropelamento. Morando em Vila Iracema, em Nova Iguaçu, há seis anos, ele acorda todos os dias às 5h, prepara o café da manhã da mulher, a agente administrativa Gelcineia Chaves, de 41, que também é cadeirante, e a deixa num ponto de ônibus, a 15 minutos de casa, para ela seguir para o trabalho. Por ser um trajeto curto e ele não precisar descer o carro, o paratleta não costuma levar a cadeira de rodas.
“Ele tentou pedir ajuda, mas ninguém parou. Como a cidade está tão violenta, as pessoas não se solidarizam mais umas com as outras. Infelizmente, as pessoas estão perdendo a humanidade. Isso dói”, reclamou Gelcineia.