O Dia

MUDANÇAS NO CHEQUE ESPECIAL

- GILBERtO BRAGA e-mail: gbraga@ibmecrj.br Professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral.

NEsperado pelo mercado e por correntist­as há muito tempo, por exigência do Banco Central, os bancos comerciais finalmente vão promover mudanças no cheque especial para favorecer os clientes. As novas regras entrarão em vigor em 1º de julho e representa­m alternativ­a mais barata para quem tem o hábito de estar sempre com a conta corrente no vermelho.

Apesar da inflação baixa, inferior a 3% ao ano, e da queda na taxa básica de juros - que hoje é de 6,5% ao ano -, os juros do cheque especial, de acordo com o BC, são de 324,1% ao ano, o que equivale a 12,79% ao mês. Há um abismo entre a taxa básica e a do especial. Isso, em termos práticos come o dinheiro das pessoas que ficam em dificuldad­e e precisam recorrer ao limite da conta para fecharem o buraco do orçamento mensal.

Pela nova sistemátic­a, toda vez que o correntist­a compromete­r mais de 15% do limite do cheque especial por mais de 30 dias, o banco enviará proposta para o cliente com empréstimo similar ao de crédito especial, que em média custará a metade dos juros praticados no especial.

O raciocínio lógico por traz dessa ideia é que ao invés de cobrar logo os juros mais altos da economia, primeirame­nte se dê uma chance à pessoa para salvar a sua vida econômica.

A oferta será uma operação mais barata, que pode ser contratada de forma automática, sem precisar ir ao banco, discutir com gerente, contar história triste, assinar a papelada e ainda comprar algum outro serviço bancário como seguro,

A oferta será uma operação mais barata, que pode ser contratada de forma automática

cartão de crédito, título de capitaliza­ção e etc.

Outras duas mudanças também são positivas. Uma dela é a obrigatori­edade de o banco mandar algum aviso toda vez que o cliente ficar negativo e entrar no especial. Pode ser um SMS, e-mail, mensagem de WhatsApp. A outra, é que ficará vedado demonstrar no extrato o saldo da conta corrente somado com o limite do cheque especial, o que induz muita gente desaperceb­ida a pensar que pode gastar mais do que tem.

No passado, ter cheque especial era sinônimo de status, pois só tinha essa prerrogati­va o cliente com bom relacionam­ento bancário, o que significav­a ter renda elevada. Como quem tem dinheiro dificilmen­te precisa de empréstimo, com o passar do tempo, os bancos perceberam que é bem mais lucrativo conceder o especial a todo e qualquer correntist­a, independen­temente da renda.

Logo quem recorre ao cheque ao especial, que permite lucros absurdos para os banqueiros, é quem mais precisa de ajuda. Esses são justamente os que se enrolam, porque ao invés de conseguire­m sair do buraco, acabam se afundando mais, pagando juros estratosfé­ricos.

Ao contrário, até aumentam mais as taxas. Pela primeira vez nos últimos tempos parece que vem uma mudança que pode ajudar a quem realmente precisa a tirar o pé da lama, fazendo com o que cliente especial deixe de ser um devedor comum.

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