O Dia

‘Todas as mulheres do mundo sofrem’

> Maitê Proença se apaixonou pela libertária Alice, protagonis­ta de ‘A Mulher de Bath’, de Geoffrey Chaucer. E está em cena com o ator e músico Alessandro Persan, até 29 de abril, no Teatro Investimen­tos, no Leblon, sob a direção de Amir Haddad. A montage

- BRUNNA CONDINI brunna.condini@odia.com.br

O que te encantou neste texto?

NAchei um primor a tradução do José Francisco Botelho, inspirada nos cordéis do Nordeste e nas trovas do Sul. Tornava aquilo muito brasileiro. Tinha graça, irreverênc­ia e humor. A coisa estava pronta pra ser dita e o tema não poderia ser mais atual: a ferocidade dos homens e as artimanhas das mulheres.

NSim. Como tenho feito desde que comecei a escrever pra teatro. Essa não é de minha autoria. Mas também produzo com dinheiro do bolso, correndo todos os riscos por paixão.

Na sinopse, tem esses trechos:

N“Uma mulher experiente, bem-humorada e de franqueza desconcert­ante” e “uma mulher libertária, à frente de seu tempo, e não teme dizer o que pensa”. A personagem descrita assim poderia ser você?

Ela é irreverent­e e corajosa. Não se entrega à mesmice, ao lugar comum. Pelo contrário, se oferece em sacrifício contra as normas que não têm valor. Eu também.

Você também escreve. Escrever te deixou mais crítica

NODIA: MAITÊ:

Também está produzindo? pra escolher o que dizer como atriz?

Comecei a escrever porque precisava cavar mais fundo. A escrita me obrigou a um processo de investigaç­ão e entrega que eu não conseguia ter como atriz. Na TV na verdade, raramente há tempo pra isso. De qualquer forma, o que a escrita me trouxe serviu para a minha atuação. A escritora aprimorou a atriz.

Os temas abordados ainda são atuais. Que lutas femininas ainda são fundamenta­is?

NAs mulheres do mundo todo ainda sofrem com prostituiç­ão, casamentos prematuros, trabalhos forçados. Têm filhos que não desejam e que não podem alimentar, não têm educação, liberdade ou reconhecim­ento. São estupradas, espancadas e, às vezes, mortas com

Orgulho-me de ter chegado sem saber nada e hoje já ter aprendido um bocado sobre o meu ofício”

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