O Dia

Sem Lula, indefiniçã­o toma conta da campanha

Corrida presidenci­al sem o líder das pesquisas deixa o cenário imprevisív­el e vai produzir presidente com pouca força no Congresso

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Ocenário político brasileiro mudou completame­nte em 5 de abril, quando o juiz Sérgio Moro ordenou a prisão do ex -presidente Lula. Apesar de não se saber por quanto tempo o petista ficará na cadeia, não há jurista que acredite que ele ainda reúna condições legais de ser candidato. Mesmo os petistas já discutem, discretame­nte, as opções. E todos os candidatos a candidatos se preparam para uma situação, no mínimo, estranha: uma eleição onde o líder nas intenções de voto está fora do páreo.

“É uma nova fase. A forma de fazer campanha é outra sem o ex-presidente Lula na corrida. Os candidatos agora não terão um homem a ser batido, um candidato que certamente teria vaga no segundo turno”, diz o jurista e cientista político Valdir Alexandre Pucci, da Universida­de de Brasília (UnB).

Nas pesquisas de intenção de voto, fora Lula, que detém em torno de 35% do eleitorado, e Jair Bolsonaro, que oscila em torno de 15%, nenhum dos candidatos alcança 10% da preferênci­a do eleitorado. Sem Lula, quem poderá se beneficiar? Fábio Vasconcell­os, coordenado­r do Centro de Tecnologia e Sociedade, da FGV, diz que o momento é de completa indefiniçã­o. E ele adverte que, com as mudanças nas campanhas (veja entrevista abaixo), hoje sob influência decisiva das redes sociais, quem achar que parte na frente, após a prisão de Lula, terá surpresas. “Eleições costumavam ser mais previsívei­s. Quem largava na frente e tinha densidade, de modo geral, vencia. De um tempo para cá, a situação está mais desafiador­a. A definição virá no último mês de campanha”.

Há menos de seis meses, o quadro de indefiniçã­o das candidatur­as permanece. O maior partido do país, o MDB, não sabe quem será seu candidato - ou mesmo se terá algum. O presidente Temer e o ex-ministro Henrique Meirelles disputam a legenda, com o primeiro constantem­ente bombardead­o por denúncias de corrupção.

À direita, Jair Bolsonaro (PSL-RJ) tem a candidatur­a consolidad­a, mas sofrerá duros ataques ao herdar de Lula a liderança na corrida. E já começa a nova fase da campanha sofrendo um revés: a denúncia da Procurador­ia-Geral da República por racismo, na sextafeira. Além disso, a ausência de Lula esvazia boa parte do discurso do ex-militar. “A tendência é de grande polarizaçã­o,mas quem vai chegar bem, não se sabe. Temos mais dúvidas do que certeza”, diz Pucci.

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