TERCEIRA IDADE VIRTUAL
Aplicativos auxiliam idosos em tarefas simples, como ordenar tipos e horários de remédios e até superar limitações físicas. Mas especialistas advertem que a tecnologia não substitui a atenção e o amor da família.
Para ajudar as pessoas a enfrentar melhor os desafios que surgem com o envelhecimento, diversos aplicativos têm sido desenvolvidos para aqueles usuários que já passaram dos 65 anos. Há uma infinidade de ferramentas desse tipo no mercado, com uma gama variada de funções. Elas podem auxiliar, por exemplo, desde tarefas simples, como estimular a memória e ordenar tipos e horários de medicamentos a serem tomados, até superar limitações físicas. Mas especialistas advertem: tais parafernálias eletrônicas são limitadas e incapazes de substituir a atenção e o amor de parentes e cuidadores na maioria das necessidades mais comuns.
O desenvolvimento de tecnologia nacional voltada para idosos no cotidiano já concorre, inclusive, a prêmios internacionais. É o caso de uma recente invenção da Universidade de São Paulo (USP), o Sensem, que disputa com outros 50 inventos do gênero o SilverEco and Ageing Well International Awards 2018, premiação que vai eleger os melhores produtos, soluções e iniciativas feitas especialmente para a terceira idade no mundo inteiro. O aplicativo, instalado em celulares e tablets de dezenas de idosos, ainda não disponibilizado para o público em geral, emite, a qualquer hora do dia, sinais informando que alguma tarefa programada deve ser cumprida. O resultado sai no dia 29.
A aposentada carioca Maria do Carmo Barbosa Dias, 68 anos, é só elogios aos aplicativos. Com uma doença ocular, que a deixa com dupla visão, e, assim, não consegue ler no computador, faz parte de uma estatística do IBGE que aponta que 19% da população brasileira têm alguma deficiência na visão, total ou parcial. Porém, com a ferramenta garante o hábito
Programas inventados por brasileiros concorrem a prêmios internacionais
Perdi a conta de quantos aplicativos tenho no meu smartphone. Num deles, resolvo minhas transações bancárias. Há mais de um ano não entro numa fila de banco
MARIA JOSÉ REIS, aposentada
Muitos idosos têm dificuldades em utilizar os aparelhos. A presença humana ao lado deles é imprescindível
IVAN ABDALLA, geriatra
da leitura. “Um aplicativo da Audima, startup criada no Vale do Silício (EUA) pela brasileira Paula Pedroza, faz a maravilha de transformar o conteúdo escrito dos sites em áudio para mim. Eliminei três óculos. Sou grata”.
Já Maria José Reis, 60, do Bairro de Fátima, não sabe mais viver sem aplicativos. “Perdi a conta de quantos tenho instalados no meu smartphone. Num deles, por exemplo, resolvo todas as minhas transações bancárias. Há mais de um ano não entro numa fila de banco. Uma maravilha”, atesta.
Cardíaco, Djalma Tertuliano, 70, conta com o que chama de “botão SOS”, que pode acionar parentes e até mesmo médicos ou bombeiros com um simples toque no telefone. “Esse dispositivo é meu anjo da guarda. Já salvou minha vida ao me alertar sobre a elevação repentina da minha pressão arterial”, lembra.
O mesmo sistema salvou Maria Espíndola, 76, após quebrar o pé direito no banheiro, na Taquara. “Bastou um clique no aparelho, do tamanho de um chaveiro, e de repente chegaram parentes e equipe médica”, lembra.