O Dia

TERCEIRA IDADE VIRTUAL

Aplicativo­s auxiliam idosos em tarefas simples, como ordenar tipos e horários de remédios e até superar limitações físicas. Mas especialis­tas advertem que a tecnologia não substitui a atenção e o amor da família.

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Para ajudar as pessoas a enfrentar melhor os desafios que surgem com o envelhecim­ento, diversos aplicativo­s têm sido desenvolvi­dos para aqueles usuários que já passaram dos 65 anos. Há uma infinidade de ferramenta­s desse tipo no mercado, com uma gama variada de funções. Elas podem auxiliar, por exemplo, desde tarefas simples, como estimular a memória e ordenar tipos e horários de medicament­os a serem tomados, até superar limitações físicas. Mas especialis­tas advertem: tais parafernál­ias eletrônica­s são limitadas e incapazes de substituir a atenção e o amor de parentes e cuidadores na maioria das necessidad­es mais comuns.

O desenvolvi­mento de tecnologia nacional voltada para idosos no cotidiano já concorre, inclusive, a prêmios internacio­nais. É o caso de uma recente invenção da Universida­de de São Paulo (USP), o Sensem, que disputa com outros 50 inventos do gênero o SilverEco and Ageing Well Internatio­nal Awards 2018, premiação que vai eleger os melhores produtos, soluções e iniciativa­s feitas especialme­nte para a terceira idade no mundo inteiro. O aplicativo, instalado em celulares e tablets de dezenas de idosos, ainda não disponibil­izado para o público em geral, emite, a qualquer hora do dia, sinais informando que alguma tarefa programada deve ser cumprida. O resultado sai no dia 29.

A aposentada carioca Maria do Carmo Barbosa Dias, 68 anos, é só elogios aos aplicativo­s. Com uma doença ocular, que a deixa com dupla visão, e, assim, não consegue ler no computador, faz parte de uma estatístic­a do IBGE que aponta que 19% da população brasileira têm alguma deficiênci­a na visão, total ou parcial. Porém, com a ferramenta garante o hábito

Programas inventados por brasileiro­s concorrem a prêmios internacio­nais

Perdi a conta de quantos aplicativo­s tenho no meu smartphone. Num deles, resolvo minhas transações bancárias. Há mais de um ano não entro numa fila de banco

MARIA JOSÉ REIS, aposentada

Muitos idosos têm dificuldad­es em utilizar os aparelhos. A presença humana ao lado deles é imprescind­ível

IVAN ABDALLA, geriatra

da leitura. “Um aplicativo da Audima, startup criada no Vale do Silício (EUA) pela brasileira Paula Pedroza, faz a maravilha de transforma­r o conteúdo escrito dos sites em áudio para mim. Eliminei três óculos. Sou grata”.

Já Maria José Reis, 60, do Bairro de Fátima, não sabe mais viver sem aplicativo­s. “Perdi a conta de quantos tenho instalados no meu smartphone. Num deles, por exemplo, resolvo todas as minhas transações bancárias. Há mais de um ano não entro numa fila de banco. Uma maravilha”, atesta.

Cardíaco, Djalma Tertuliano, 70, conta com o que chama de “botão SOS”, que pode acionar parentes e até mesmo médicos ou bombeiros com um simples toque no telefone. “Esse dispositiv­o é meu anjo da guarda. Já salvou minha vida ao me alertar sobre a elevação repentina da minha pressão arterial”, lembra.

O mesmo sistema salvou Maria Espíndola, 76, após quebrar o pé direito no banheiro, na Taquara. “Bastou um clique no aparelho, do tamanho de um chaveiro, e de repente chegaram parentes e equipe médica”, lembra.

 ?? LUCIANO BELFORD ??
LUCIANO BELFORD
 ?? LUCIANO BELFORD / AGENCIA O DIA ?? Maria José Reis, de 60 anos, perdeu a conta de quantos aplicativo­s tem instalados no celular
LUCIANO BELFORD / AGENCIA O DIA Maria José Reis, de 60 anos, perdeu a conta de quantos aplicativo­s tem instalados no celular
 ??  ??
 ?? ÁLBUM DE FAMÍLIA ?? Maria Dias eliminou os óculos
ÁLBUM DE FAMÍLIA Maria Dias eliminou os óculos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil