Milícia está no foco da investigação do caso Marielle
Declaração é do ministro Jungmann, mas não foi confirmada por chefe de polícia, que conversou com as famílias das vítimas
Trinta e três dias após os assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista dela, Anderson Gomes, o ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, se antecipou ontem à Polícia Civil do Rio. À rádio CBN, pela manhã, ele afirmou que a principal linha de investigação dos crimes é a participação de milicianos. À tarde, no entanto, o chefe de polícia no estado, Rivaldo Barbosa, se encontrou com as famílias das vítimas e não confirmou as declarações de Jungmann. A viúva da parlamentar, Mônica Tereza Benício, disse estar mais “tranquila” após a reunião.
“Eles (investigadores) partem de um grande conjunto de possibilidades e vão afunilando pouco a pouco. Estão, praticamente, com uma ou duas pistas fechadas. Eu diria que, hoje, apenas uma delas e os investigadores têm caminhado bastante adiante. Essa hipótese mais provável é a atuação de milícias no Rio de Janeiro”, declarou Raul Jungmann.
Durante um evento na superintendência da Polícia Rodoviária Federal, no Rio, o ministro voltou a comentar
as mortes de Marielle e Anderson. Para Jungmann, o duplo homicídio é um caso raro porque não há relatos de ameaças à vereadora.
Tratando os assassinatos como “complexos” e de “apuração detalhada”, Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil, não deu prazo para solucionar o caso.
“Respeito o comentário de todos. Mas a polícia só vai dizer a autoria e a motivação dos crimes no fim da investigação”, ressaltou ele referindo-se às declarações
de Raul Jungmann.
Marielle e Anderson foram mortos a tiros em 14 de março, no Estácio. Apenas a assessora da vereadora sobreviveu. Ninguém foi preso.
As famílias das vítimas adotaram ontem um tom de tolerância. O encontro com Rivaldo Barbosa ocorreu na sede da Polícia Civil, no Centro, e teve a participação do deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), amigo pessoal de Marielle, e presidente da CPI das Milícias, em 2008.
“Tivemos uma excelente
reunião. De alguma forma, nos tranquiliza. Entendemos que todos nós estamos aflitos por uma resposta, mas não há ninguém mais aflito que as famílias. Pedimos que a imprensa respeite. Há dois momentos: da angústia e das investigações. Não é um caso fácil. Mas estamos diante de uma equipe técnica altamente qualificada que nos garantiu que o resultado correto será nos dado. Aguardaremos o tempo necessário para saber a verdade”, disse a viúva Mônica Benício.