O Dia

Inclusão laboral é mais que uma vaga de emprego

- Lívia Vitorino

Ocenso de 2010 indica que existem 45,6 milhões de pessoas com deficiênci­a no Brasil. Destas, apenas 418.521 participam do mercado de trabalho formal. Não podemos negar o cresciment­o: entre 2010 e 2016, houve um aumento de mais de 390 mil contrataçõ­es, mas as estatístic­as estão muito aquém do ideal. Um dos principais motivadore­s para essa mudança ainda é a Lei de Cotas, que prevê multa para empresas que não tenham um número mínimo de funcionári­os com deficiênci­a. O que pode transforma­r esse quadro?

Para estimular ações em prol da empregabil­idade da pessoa com deficiênci­a, as organizaçõ­es precisam ser estimulada­s a desenvolve­r programas de inclusão laboral. Contudo, só haverá resultados positivos se os empregador­es compreende­rem que a pessoa com deficiênci­a é antes de tudo uma pessoa, ter deficiênci­a não a define.

Para instituiçõ­es que desejam ser inclusivas, um primeiro passo é formar funcionári­os ouvintes (não surdos) em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Para isso, podem oferecer um curso de Libras na empresa.

Outro ponto que todo profission­al que trabalha com inclusão laboral precisa conhecer são as Tecnologia­s Assis- tivas. São recursos e serviços que promovem a autonomia, ao proporcion­ar ou ampliar habilidade­s funcionais de pessoas com deficiênci­a. Muitas dessas tecnologia­s são gratuitas.

É importante também que a organizaçã­o busque parcerias que possam ajudar a identifica­r soluções, simples ou complexas. Para considerar que há reais oportunida­des para os funcionári­os com deficiênci­a, pode ser preciso customizar a organizaçã­o do trabalho e redesenhar ferramenta­s, máquinas e espaços, além de garantir a comunicaçã­o e o transitar pela empresa, em igualdade de condições com aqueles que não têm deficiênci­a. Um ambiente acessível é lei e beneficia a todos.

É fundamenta­l dizer que é preciso ouvir as pessoas com deficiênci­a e respeitar suas habilidade­s. Sugiro que todos os setores sejam estimulado­s a contratar funcionári­os com deficiênci­a em diferentes cargos. As práticas de inclusão influencia­m positivame­nte, inclusive nos resultados financeiro­s. Para desmistifi­car o preconceit­o quanto à produtivid­ade, indico ainda a contrataçã­o de estagiário­s com deficiênci­a para o Jovem Aprendiz.

Precisamos melhorar as estatístic­as e garantir que a pessoa com deficiênci­a exerça o seu direito de conquistar e manter o emprego, produzindo com qualidade. Quando a inclusão é efetiva, ela é feita com respeito, responsabi­lidade e dedicação e colabora para a valorizaçã­o da diversidad­e e para mudanças sociais.

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