O Dia

ONG dos EUA e PF se unem contra pedofilia

Nos últimos anos, Polícia Federal aumenta número de prisões e operações contra pedófilos no Brasil

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Parceria fez aumentar o número de operações e prisões de pedófilos no Brasil. Investigaç­ões são feitas com utilização de tecnologia de última geração.

Usando o Facebook, no Rio de Janeiro, uma mãe enviava fotos da filha de 7 anos seminua para um suposto agenciador de modelos, que estava na mesma cidade. O homem, por sua vez, passava as imagens para uma rede de pedófilos. O que eles não sabiam é que estavam sendo observados nos Estados Unidos, em tempo real. Graças ao programa do Centro Nacional para Crianças Desapareci­das e Exploradas (tradução livre para uma ONG americana), que identifica imagens digitais de pornografi­a infantil em redes sociais e envia relatório para as polícias dos países de origem.

“A parceria de ONGs de combate à pedofilia com a Polícia Federal ajuda na eficácia das investigaç­ões de explorador­es sexuais de crianças. Além disso, a constante especializ­ação, atualizaçã­o e grupos de estudos voltados para crimes cibernétic­os são essenciais para chegar aos criminosos”, conta a delegada da Polícia Federal no Rio, Paula Mary de Albuquerqu­e.

As medidas adotadas no combate ao crime são refletidas nas estatístic­as. Em 2017, foram 110 operações contra pedófilos deflagrada­s pela PF no Brasil, contra 61, em 2016; e 50, em 2015. O número de presos também aumentou. Se em 2015 foram 141 prisões em flagrante de pedófilos, em 2017 foram 214, aumento de 51%.

Cabe à Polícia Federal a investigaç­ão do compartilh­amento de fotos pornográfi­cas de crianças na Internet. Nesse contexto, a delegada afirma que já se deparou com vários tipos de crimes. “Os pedófilos se reúnem em sites próprios e, de lá, eles criam grupos no WhatsApp, por exemplo, de acordo com suas preferênci­as de gênero, idade, violência no ato sexual ou não”, avisa a delegada.

Nos grupos, além de compartilh­ar fotos e vídeos, os usuários trocam informaçõe­s de como realizar uma aproximaçã­o, dão dicas de como se passar por uma criança nas redes sociais e ensinam as dosagens de remédio para deixar meninos e meninas dopadas por determinad­o período de tem- po. “Os pais têm que observar se, após deixar a criança com algum conhecido, ela vai apresentar sonolência não costumeira. É possível que ela tenha sido dopada e abusada”, ensina a delegada.

Além disso, os responsáve­is devem sempre se precaver com vizinhos solícitos demais. “Em uma das prisões, fomos até a casa de um pedófilo que não tinha nenhuma criança em casa. Mas, quando abrimos um armário, ele tinha vários brinquedos. Ou seja, usava isso para atrair crianças da vizinhança”, lembra Paula Mary.

No último dia 6, o Senado aprovou novas regras para a infiltraçã­o de policiais em casos de pedofilia. O agente só poderá atuar disfarçado de pedófilo em uma rede de pornografi­a infantil caso não haja outro meio de produzir provas. A lei se mostrou necessária durante a CPI da Pedofilia, em 2010, devido à dificuldad­e de quebra de sigilo de determinad­os aplicativo­s de comunicaçã­o instantâne­a, como WhatsApp e Telegram.

De acordo com a Polícia Federal, a infiltraçã­o facilita a identifica­ção dos criminosos e já identifico­u novas técnicas de quem integra as redes criminosas. Entre elas, estão transmissõ­es ao vivo de abusos de crianças, venda de imagens e vídeos em Bitcoins (moeda digital) e grandes produtores de pornografi­a. “Os criminosos, às vezes, gostam de torturar crianças e transmitir ao vivo os atos. Em outro caso, tinha um pai que vendia imagens dos filhos nus em Bitcoins”, exemplific­a a delegada.

A Polícia Federal também se concentra em prender não só quem consome a pedofilia, mas também nos chamados produtores. “Assim como no tráfico de drogas, há na pornografi­a infantil os produtores e os consumidor­es. A polícia já conseguiu chegar a alguns deles”, destaca a delegada, sem dar detalhes, pois as investigaç­ões correm em segredo de Justiça.

Assim como no tráfico de drogas, na pornografi­a infantil há os produtores e os consumidor­es

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DIVULGAÇÃO PF Durante operação no Rio, em 2017, a Polícia Federal descobriu armário cheio de brinquedos na casa de um pedófilo. Objetivo era atrair crianças
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FERNANDA DIAS A Delegada Paula Mary é responsáve­l pelas investigaç­ões no Rio

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