O Dia

Acrobata acusado de ser miliciano conta ter ficado preso em cela lotada em Bangu 9

Solto no sábado, Pablo, sem antecedent­es criminais, viajará para o exterior amanhã

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Foram 14 dias intermináv­eis para Pablo Dias Bessa Martins, de 23 anos. Esse foi o período em que o artista circense ficou preso em uma cela lotada de Bangu 9, acusado de formar uma grupo de 159 milicianos levados para a cadeia, após uma festa em Santa Cruz. Ontem, um dia após ter sido liberado, ele falou sobre sua prisão e sobre o que pretende fazer a partir de agora. Também ontem, a Defensoria Pública informou que pretende levar o caso ao Supremo Tribunal Federal e à Comissão Interameri­cana de Direitos Humanos da Organizaçã­o dos Estados Americanos (OEA).

“Torço para que os meus amigos que ficaram presos saiam também. Eles ficaram felizes com a minha saída. Sabiam a respeito da minha profissão. Cheguei a treinar com eles no pátio, fazíamos acrobacias”, contou o artista.

Pablo viajará, hoje, para a Europa, onde vai se apresentar, durante o verão, pela empresa Up Leon Entertainm­ent. A viagem já estava marcada e, se permaneces­se preso, ele perderia a oportunida­de. Pablo explicou que o motivo pelo qual ele e a mulher, a também artista circense Jessica Carla, estavam na festa de Santa Cruz era exatamente comemorar o convite de trabalhar no exterior.

“Pedi dois ingressos a um amigo meu que é DJ. Ele ia tocar no evento, e comprei um para minha irmã. Era um show de pagode como outro qualquer. Eu fui curtir como todos os meus amigos, trabalhado­res, de carteira assinada. Ouvi um barulho e notei um princípio de confusão. Peguei minha esposa e deitei no chão”, contou Pablo.

Martins conta que não teve problemas com a alimentaçã­o do presídio e agradeceu o trabalho dos agentes penitenciá­rios. “Eles tentaram nos ajudar, dentro da lei, tanto na questão da água e alimentaçã­o quanto em relação à falta de roupa de alguns presos”, disse.

Pablo falou ainda sobre a lotação da cela.”Eram muitos. Não tenho noção. Era muito lotada. Dormia em uma comarca, que é como se fosse uma mesa, de pedra”.

Por enquanto, o artista não pensa em processar o estado por causa da prisão. Ele foi o único solto até o momento. “Me sinto mais aliviado. Lugar de artista é no palco. Vou arrancar o sorriso das pessoas. O meu foi tirado há duas semanas, mas agora estou aqui”, disse.

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FERNANDA DIAS Pablo Dias deu uma entrevista coletiva na sede da Defensoria Pública, em Campo Grande, na Zona Oeste

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