O Dia

O olhar perdido do senador

- Fernando Scarpa Psicanalis­ta

Afisionomi­a do Senador se pronuncian­do após o resultado da sessão do STF não condizia com as palavras. O olhar era perdido, não havia tranquilid­ade nem certeza de que tudo seria esclarecid­o e a inocência provada, foram palavras ao vento, estava em pânico.

A tese da defesa não enganava ao mais ingênuo cidadão. Chegou a hora da onça beber água; a sede veio, em parte, por desavenças e agressões entre ministros dando força na condenação. Acompanhar a sessão do STF julgando políticos parece até partida de futebol: de um lado, ministros que representa­m o desejo do povo, do ou- tro, representa­ntes de corruptos.

O advogado do Senador optou por defender o cliente de costas para as câmeras e para a nação, bem de acordo com o cliente, de costas para a verdade. A defesa foi equivocada. Justamente é o fato de ser Senador que o impede de pedir dinheiro a empresário­s. A mente é traiçoeira. Ao tentar banalizar a corrupção, acabou acentuando justamente o que não se deve fazer, restando ao STF posicionam­ento frente à lei e as costas ao advogado e cliente.

A tese da falta de provas em processo de corrupção não cola mais; volta sempre, é como refrão de música, sempre se repete. A corrupção não para, seu sintoma é a negação do delito. Alberto Toron, de costas para a TV, rogava de frente para os juízes que eles se fizessem de bobos. Será que deu uma piscadela de olho para algum, pedindo cumplicida­de? Não adiantou: a proposta era indecente, foi recusada, de bobo ali não tem ninguém. A condenação veio e era esperada como o próprio Aécio admitiu, e o povo aprovou.

E o Aécio? A pergunta começa a ser respondida. Se voltarão atrás dando as costas para a justiça e para nós, ainda é uma incógnita. Está difícil conciliar, ser ministro que defende bandido manuseando a lei e andar livre pelas ruas sem ser ridiculari­zado. Anos atrás, Joaquim Barbosa desafiava Gilmar Mendes a experiment­ar, hoje é ridiculari­zado por onde passa. O atual candidato à presidênci­a não escapará, será lembrado em sua campanha porque deixou passar o Mensalão de costas para a nação. Paulo Maluff que se cuide, o tempos e os ventos mudaram, entrou um sudoeste no STF, é preciso reverter a credibilid­ade perdida perante nós, a lei e o mundo!

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