O Dia

MP pede libertação de 138 presos que estavam na festa da milícia em Santa Cruz

Dezessete dias após a prisão, órgão avalia que apenas 21 dos 159 detidos tinham ligação com a quadrilha

- WILSON AQUINO wilson.aquino@odia.com.br

Sem provas para oferecimen­to de denúncia, o Ministério Público (MP) requereu à Justiça a revogação da prisão preventiva de 138 dos 159 presos na ‘festa da milícia’, 17 dias após a prisão. O órgão acusador afirmou, em nota, que vai denunciar os 21 suspeitos restantes, mas não esclareceu em qual tipo de crime serão enquadrado­s. Eles devem permanecer detidos.

A medida anula a pretensão da Polícia Civil que insistia na manutenção das prisões, apesar das manifestaç­ões da Defensoria Pública e de organizaçõ­es de defesa de Direitos Humanos, que denunciara­m a arbitrarie­dade. Ontem, a Defensoria pediu Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para liberdade de um dos presos: Vinicius Guedes de Almeida. No sábado, o artista circense Pablo Dias Bessa Martins, de 23 anos, já havia sido libertado por ordem judicial. Ele trabalha na Europa e estava com viagem marcada.

Os 159 foram presos no dia 7 de abril, em uma suposta festa da milícia ‘Liga da Justiça’, em Santa Cruz. Na ocasião, houve confronto e quatro homens morreram. Eles seriam seguranças do líder do grupo, Wellington da Silva Braga, o Ecko, que, mesmo com o gigantesco aparato policial, conseguiu fugir. No local, foram apreendido­s 13 fuzis, 15 pistolas, quatro revólveres, carregador­es, coletes à prova de bala, granadas e dez veículos roubados, além de uniformes privativos das forças de segurança pública, material notoriamen­te utilizado por grupos milicianos, segundo a policiais. O chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, que assumiu o cargo após a intervençã­o militar, chegou a comemorar a operação, afirmando que “era o maior golpe contra a milícia”.

No entanto, parentes têm feito sucessivos protestos alegando que a maioria dos presos era trabalhado­res e moradores da região, que pagaram para participar da festa. O MP admite que no evento havia integrante­s do primeiro escalão da milícia que controla o crime organizado no bairro. Porém, após análise mais detalhada das provas, “entende que não há provas suficiente­s para a denúncia”.

Habeas Corpus de Vinicius Guedes de Almeida será julgado pelo Supremo Tribunal Federal

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FERNANDA DIAS Familiares fizeram protestos contra as centenas de prisões

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