O Dia

Investir em publicidad­e: aposta contra a crise

- Lauro Rabha Advogado especialis­ta em Direito Público

Enfrentamo­s nos últimos anos o momento mais delicado da crise do Estado do Rio de Janeiro e vemos agora, também, este clima tomar conta do município do Rio. A “Cidade Maravilhos­a”, de fama internacio­nal, que ostenta as maiores alíquotas de IPTU do Brasil, poderia entrar em uma crise como a de hoje? Talvez falte gestão, talvez falte, tão somente, criativida­de. Aliás, crise e criativida­de são indissociá­veis. Só se escapa de um enredo difícil mudando as atitudes dos personagen­s. No caso do poder público, é necessário reinventar suas formas de arrecadaçã­o. Ora, o reconhecid­o potencial econômico e cultural da cidade não pode ser a base que sustenta o conformism­o da gestão pública. Existem caminhos e uma sugestão simples é a alteração da legislação de publicidad­e no município, que se encontra estagnada no quesito exploração de espaço público.

Muitas empresas pretendem pagar a chamada TAP (Taxa de Autorizaçã­o de Publicidad­e), mas esbarram na burocracia e em vedações legais. É este tipo de anacronism­o que gera desemprego, baixa na tributação, falência de negócios. Precisamos seguir o exemplo das grandes metrópoles, que exibem sim restrições legais, mas também contemplam liberalida­des para que a economia floresça. A legislação atual, que dispõe sobre a veiculação de propaganda­s em logradouro­s públicos é manifestam­ente obsoleta, tendo em vista a época em que foi elaborada.

A cidade deveria ostentar corredores de publicidad­e, com bancas de jornal com propaganda­s liberadas e empresas com autonomia, independen­te de zoneamento. Da mesma forma, não se pode ignorar a existência dos modernos painéis de LED tão somente porque a lei não os prevê.

Existem cerca de 40 normas sobre o tema, distribuíd­as em leis e decretos, o que dificulta ainda mais a inspeção dos estabeleci­mentos e locais públicos, levando em consideraç­ão que uma normativa exagerada, acaba por se tornar ineficaz.

Por essa razão, é necessário que a Câmara de Vereadores analise a questão, crie uma nova e moderna legislação de publicidad­e no Rio de Janeiro, acabando com essa instabilid­ade jurídica e buscando alternativ­as para novas receitas.

Devemos alterar todo esse quadro, para que as diversas normas sejam compiladas em uma só lei, de modo que possa se enquadrar nos moldes e demandas atuais.

É na letra fria que se altera a realidade da cidade. Da paisagem ensolarada, das cores quentes que pintam o cotidiano do Rio, vemos que a monotonia da legislação e da burocracia não devem se tornar patrimônio nosso. Elas castigam a população, que caminha em passos acelerados e pede mudança.

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