O Dia

‘Expansão maior que as pernas’, diz Jungmann sobre as UPPs

PM confirma que em agosto unidades do Alemão e Penha vão virar um batalhão. A da Rocinha vai acabar

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Ao comentar o anúncio da extinção de 12 Unidades de Polícia Pacificado­ra (UPPs), o ministro extraordin­ário da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse o que o estado nega desde 2013, quando o programa começou a declinar. “Todos sabem que as UPPs não alcançaram o que deveriam ter alcançado. Houve uma expansão maior do que as pernas”. Em agosto do ano passado, O DIA divulgou com exclusivid­ade o relatório feito pela Polícia Militar que serve de base para analisar quais unidades devem acabar. O critério utilizado pela corporação foi a capacidade de patrulhame­nto nas comunidade­s.

Nas 39 UPPs, o estudo concluiu que a polícia não consegue atuar em quase um terço do total do território que deveria ser ocupado pelas UPPs implantada­s.

Na UPP mais comprometi­da, a Nova Brasília, no Complexo do Alemão, a mobilidade dos policiais só é possível em apenas 24% da área da unidade. Caso os agentes saiam desse perímetro, haverá troca de tiros, a qualquer hora do dia.

A Nova Brasília está na lista das que serão extintas. Ainda em agosto, a PM afirmou que as UPPs dos complexos do Alemão e da Penha irão se transforma­r em um único batalhão. Em memória às UPPs ele será intitulado Batalhão de Polícia Pacificado­ra (BPP). Ele ficará localizado na antiga sede da Coordenado­ria de Polícia Pacificado­ra (CPP), próximo ao Complexo do Alemão.

Vinte e uma unidades lideram a lista das mais críticas: Parque Proletário; São Carlos, Sereno; Manguinhos; Chatuba; Turano; Fazendinha; Coroa-Fallet; Rocinha; Prazeres; Pavão-Pavãozinho; Batan; Jacarezinh­o; Alemão; São João; Cidade de Deus; Lins; Vila Kennedy; Tabajaras e Mangueirin­ha. No entanto, nem todas serão extintas.

A PM concluiu que, apesar da dificuldad­e de patrulhame­nto, a presença fixa de policiais em algumas é funda- mental para evitar a expansão de criminosos. “Se acabar com o Turano, por exemplo, você abre as portas para que bandidos invadam os morros da Tijuca, que vão continuar com todas as suas UPPs. Portanto, Turano não vai acabar”, afirmou um oficial que acompanha o processo de análise da extinção junto com o Gabinete de Intervençã­o Federal.

De acordo com o portavoz da corporação, major Ivan Blaz, a UPP Rocinha não vai mais existir. Apesar disso, o policiamen­to na comunidade ainda não foi definido. “Rocinha não sabemos se irá virar batalhão, se continua como UPP ou se vai para o 23ºBPM (Leblon)”. A Mangueirin­ha, única da Baixada Fluminense, será integrada ao batalhão de Duque de Caxias.

Em nota, a Secretaria de Segurança afirmou que “o efetivo (das unidades extintas) será destinado para o aumento do policiamen­to com atuação na mancha criminal para coibir a criminalid­ade”.

Todos sabem que as UPPs não alcançaram o que deveriam ter alcançado. Houve uma expansão maior do que as pernas

RAUL JUNGMANN, ministro

Se acabar com o Turano, por exemplo, você abre as portas para que bandidos invadam os morros da Tijuca, que vão continuar com todas as unidades

OFICIAL DA PM

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SEVERINO SILVA / ARQUIVO O DIA Nova Brasília é apontada no levantamen­to da Polícia Militar como a UPP em que os policiais têm a maior perda de território, com tiroteios frequentes se houver patrulhame­nto

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