Temer furioso com a Polícia Federal
Investigadores suspeitam que presidente usou nome de parentes para lavar dinheiro
Dessa vez, Michel Temer magoou. Diante de acusações de que ele utilizou o nome do filho, Michelzinho, da mulher, Marcela, e até da sogra, Norma, para lavar dinheiro de propinas, ele se defendeu, aparentemente indignado, em um pronunciamento de 15 minutos transmitido pela TV oficial do governo, a NBR. “Só um irresponsável mal-intencionado teria a intenção de colocar a minha família e meu filho de nove anos como lavadores de dinheiro”, disse Temer.
O presidente se referia a uma reportagem da ‘Folha de S.Paulo’ revelando que a Polícia Federal investiga transações imobiliárias e reformas em imóveis da família do presidente.
Temer se queixou dos responsáveis pela investigação. “Quando a minha defesa pede acesso aos autos do inquérito, a resposta é sempre que as diligências estão sendo feitas e que é sigiloso. Como é que a imprensa consegue essas informações? Duvido que a imprensa vá de madrugada, sorrateiramente, ter acesso a esses dados. É uma perseguição criminosa disfarçada de investigação”, disse.
Temer afirmou que os bens que possui são compatíveis com sua renda. “Eu trabalho há quase 60 anos, advogado, professor, procurador, presidente da Câmara, vice e agora presidente. São quase 60 anos de salários, honorários recebidos absolutamente dentro da lei e devidamente declarados no Imposto de Renda. Não tenho casa de praia, no campo, e nem apartamento em Miami. Obedeço o teto da minha aposentadoria e ganho um complemento que chega a R$ 2 mil. E só. Qualquer contador, professor de matemática, consegue ver que, ao longo do tempo, consegui recursos para comprar e reformas imóveis”.
A fala não foi planejada. Realizou-se minutos antes da recepção ao presidente do Chile, Sebastián Piñera. Temer não disfarçou a irritação “Em que mundo estamos?”, perguntou a certa altura. “É incrível, é revoltante, é um disparate!”.
Apesar de não ter sido perguntado a respeito, Temer afirmou que não renunciaria. “Se pensam ilusoriamente que vão me derrubar, não irão conseguir. O ataque é de natureza moral. Se pensam que atacarão minha honra e ficarão impunes, não ficarão sem resposta. Vou sugerir a (Raul) Jungmann (ministro da Segurança Pública) que apure como se dão vazamentos irresponsáveis”.
Em referência disfarçada ao desejo de ser reeleito, Temer disse ainda que não poderia sair da presidência, “não sei quando”, com a pecha da corrupção.