DEPRESSÃO
Fique alerta para essa doença silenciosa, que pode causar danos irreparáveis no cérebro
Considerada o mal do século pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão está presente na vida de pelo menos 20% da população brasileira. E as consequências da doença sobre o organismo, quando não tratada da forma correta, podem ser mais devastadoras do que se pensa. Isso porque uma pesquisa publicada neste ano pelo Centro de Estudos sobre Vícios e Saúde Mental (CAMH), do Canadá, concluiu que a depressão, de maneira duradoura, pode prejudicar o cérebro tanto quanto o Alzheimer e outros tipos de demência.
“A pesquisa constata que a depressão causa neurodegeneração, que também complica áreas cerebrais e é progressiva (como o Alzheimer, por exemplo). Mas tem que ser levado em consideração fatores como a idade do paciente e o grau da doença. Vale ressaltar que é fundamental que a pessoa siga o tratamento indicado pelo psiquiatra. Existe uma máxima de que os remédios são tóxicos para o organismo, mas isso não passa de um mito”, esclareceu o especialista em psiquiatria forense pela UFRJ, Erick Petry.
Alterações no apetite, no sono e na psicomotricidade (ficar mais lento ou agitado), fadiga e falta de concentração podem ser alertas da doença. As causas do distúrbio são as mais variadas.
“Muitos têm o que chamamos de vulnerabilidade genética, que ocorre quando existem casos já relatados na família. Outra possibilidade acontece em decorrência do meio, do ambiente em que a pessoa vive e de possíveis choques que o paciente sofre”, afirmou a psiquiatra Magda Vaissman.
Procurar ajuda de um profissional é o primeiro passo para quem tem sintomas de depressão. Desta forma, é possível diagnosticar exatamente o grau da doença e acompanhar o uso de antidepressivos na recuperação. Mas outros métodos, que podem ser aplicados no dia a dia, como ter uma boa noite de sono, também ajudam a diminuir as consequências da depressão e, em alguns casos, pode até afastá-la.
Tomar sol de meio-dia, por 20 minutos, é uma das indicações. “O sol é ideal para ativação da vitamina D, que em pequena quantidade pode colaborar para a presença da depressão. Países com pouca incidência incidência de ‘depressão sazonal’”, contou Erick. A comunicação também é essencial no tratamento, mas como pode haver uma certa resistência em dialogar, uma das alternativas é utilizar um diário. “Dessa forma o paciente pode colocar suas emoções em palavras”, completou o psiquiatra.
O diagnóstico de depressão possui mais de cinco tipos. Um deles é chamado de depressão atípica e ocorre mais em jovens, pois há relação com rejeição e ansiedade. A estudante Carolina Galeotti, de 20 anos, sofre com a depressão desde o início da adolescência. Vinda do interior do estado do Rio, ela conta que o ingresso na universidade foi fundamental para levantar o ânimo.
“Antes eu não conseguia nem sair da cama, mas quando mudei minha rotina e conheci coisas novas, senti uma melhora significativa. Me aproximei da arte e da poesia e isso melhorou muito meu estado de espírito. Sempre existem os dias difíceis, mas hoje consigo viver sem medo”, desabafou Carolina.
Muitos têm vulnerabilidade genética, que ocorre quando existem casos (de depressão) já relatados na família MAGDA VAISSMAN, psquiatra
Quando mudei minha rotina e conheci coisas novas, senti uma melhora. Me aproximei da arte e da poesia CAROLINA GALEOTTI, paciente