O Dia

Colecionar selos está na moda, mesmo com avanço da Era Digital

Enquanto as cartas estão em desuso, os adesivos postais viram tesouros e custam até R$ 150 mil

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Em tempos de WhatsApp, inbox do Facebook e e-mails, os selos pareciam fadados a desaparece­r. Mas eles continuam fazendo sucesso e têm aficionado­s como Ricardo Beltrame, dono do Espaço do Filatelist­a.

Prestes a completar 178 anos no sábado, quando será lembrado o lançamento do primeiro selo postal do mundo, o Penny Black, na Inglaterra, a filatelia— arte de colecionar as pequenas estampilha­s adesivas dos Correios— ressurge como um verdadeiro tesouro. De acordo com especialis­tas, que comerciali­zam esses itens, há adesivos custando até R$ 150 mil na era em que enviar cartas é cada vez mais raro. Só na capital pelo menos 5 mil pessoas se dedicam ao passatempo.

Só em 2016 foram produzidos 16 milhões de selos pela Casa da Moeda do Brasil, dos quais 11,2 milhões já comerciali­zados, um aumento de 20% em relação aos outros anos.

“O Brasil foi o segundo país a adotar o selo postal (em 1843, com o famoso Olho de Boi). Por isso essa paixão tão antiga nunca há de morrer”, aposta Ricardo Beltrame, de 65 anos, um dos maiores colecionad­ores do Brasil, com mais de 5 milhões de selos. “Os Correios poderiam divulgar mais a filatelia”, reclama.

Junto com a esposa, Márcia, ele negocia seu estoque há 40 anos, na Filatélica Rio de Janeiro, na Rua da Assembleia 36, no Centro. Na loja, filiada à Associação Brasileira de Comerciant­es Filatélico­s (ABCF), Ricardo, há algum tempo, vendeu um selo francês por R$ 150 mil.

O engenheiro Marcelo Tartari, de 55 anos, enche os olhos d`água e não disfarça a emoção ao manusear, com a esposa, a dentista Vanessa, e a filha, Cíntia, 14, dezenas de álbuns contendo aproximada­mente 20 mil selos. Muitos raros, como o Olho de Boi, de 1844.

“Comecei a colecionar com 10 anos. Boa parte ganhei do meu avô (Sílvio). Aos 15 anos, por conta dos estudos, meu pai (José Geraldo, que morreu aos 86 anos), deu continuida­de. Há alguns meses me surpreendi com tantos selos guardados. Sem querer, meu pai e meu avô me deixaram uma fortuna, principalm­ente em termos históricos e culturais”, justifica Tartari.

A atividade, considerad­a a forma de colecionar mais antiga do planeta, anda tão em alta no Rio, que os amantes do assunto ganharam até um ponto para encontros, debates, trocas e negociaçõe­s de compra e venda. Trata-se do Espaço do Filatelist­a, que funciona desde o ano passado na biblioteca do Complexo dos Correios, na Rua 1º de Março, no Centro. Os colecionad­ores promovem encontros nacionais e internacio­nais, exposições, lojas virtuais e sugerem lançamento­s de imagens alusivas a eventos marcantes, como a da Copa da Rússia, marcado para o dia 14 de maio.

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FERNANDA DIAS
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Ricardo Beltrame é um dos maiores colecionad­ores do Brasil, com cerca de cinco milhões de selos
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Marcelo, com a esposa Vanessa e a filha Cíntia: 20 mil selos
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Espaço reúne filatelist­as na biblioteca do Complexo dos Correios, no Centro do Rio

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