O Dia

O PME que queremos ainda não foi aprovado

- Renato Cinco

OVereador (Psol)

Plano Municipal de Educação (PME) é uma política de Estado, não de governo. Será a base da educação carioca nos próximos dez anos. O Rio de Janeiro foi uma das últimas cidades a votar seu plano. O prazo estabeleci­do pela Conferênci­a Nacional foi junho de 2014.

Responsáve­l por todas as diretrizes da educação no município, seus princípios, metas e estratégia­s expressam uma concepção. Sua construção deveria envolver toda a sociedade organizada.

Em nome do cumpriment­o dos prazos, o debate foi deixado de lado, desconside­rando principalm­ente a opinião dos que vivem o cotidiano das escolas. O atraso e o processo antidemocr­ático iniciaram-se na gestão de Eduardo Paes, que apresentou um projeto adequado ao modelo político-pedagógico neoliberal: vertical, privatista e meritocrát­ico.

Mecanismos foram utilizados tanto no governo de Paes quanto no de Marcelo Crivella para impossibil­itar a participaç­ão real da sociedade. A conferênci­a que discutiu a proposta ocorreu sem divulgação, com pouca participaç­ão. O atual Secretário de Educação impôs a “urgência”, ameaçando os setores que pediram um debate mais aprofundad­o com a afirmação de que as escolas ficariam sem merenda caso o plano não fosse logo votado. Pouco depois, o próprio governo retirou a tal urgência.

Na Câmara Municipal, parlamenta­res conservado­res se articulara­m para impedir uma educação voltada à construção de uma sociedade sem preconceit­os, com respeito às diferenças e composta de cidadãos críticos. Suas emendas retiraram todas as palavras “gênero” do texto e, no momento da segunda votação, eliminaram também a palavra “diversidad­e” do documento.

Setores organizado­s - SEPE-RJ (Sindicato Estadual dos Profission­ais de Educação), Movimento Inclusão Legal, movimentos de mulheres, grêmios e associaçõe­s estueram dantis - batalharam contra a aprovação deste PME, denunciand­o tanto o processo quanto o modelo político adotado. Nas audiências e na primeira votação da proposta, foi travada uma verdadeira batalha. A bancada do Psol foi um canal de resistênci­a, apresentan­do diversas emendas. Muitas não foram aprovadas, como a que garantia escola integral até 17h e a que delimitava o quantitati­vo máximo de alunos por turma para cada segmento.

O nosso mandato promoveu seis encontros denominado­s ‘O PME que queremos’, com a presença de profission­ais de educação, alunos, pais e movimentos sociais. Mais de 60 emendas foram elaboradas, 25 foram aprovadas, estabelece­ndo questões como o 1/3 de planejamen­to docente, plano de carreira unificado, autonomia pedagógica, gratuidade de transporte para estudantes etc. Mesmo o texto final não sendo o PME que defendemos, as alterações conquistad­as mantiveram acesa a chama da escola pública, gratuita, democrátic­a, autônoma e de qualidade.

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