Transformação através do amor
A atriz Lucilla Diaz encena o monólogo ‘Kim’, que propõe uma reflexão sobre os dramas das travestis
Kim (Lucilla Diaz) é uma travesti repreendida pela sociedade por fazer a cirurgia de redesignação sexual — procedimento cirúrgico em que as características sexuais são mudadas para o gênero que a pessoa se reconhece. No monólogo ‘Kim — O Amor é a Tua Cura’, em cartaz até o dia 27 de maio, no Teatro Café Pequeno, no Leblon, Lucilla Diaz reforça que o espetáculo trata de aceitação, respeito e inclusão. “São vários os casos de travestis que se suicidam. É importante ressaltar que a segunda maior causa de mortes de pessoas trans é o assassinato social, que nada mais é que o suicídio”, alerta.
REPRESENTATIVIDADE
Natural de Brasília, Lucilla, de 47 anos, confessa que não é fácil interpretar uma travesti e todos os dramas por quais ela passa. “As travestis sofrem a marginalização, a falta de oportunidades no trabalho, a violência a qual se expõem ao sair de casa. O Brasil é o país que mais mata travestis no mundo e se torna mais difícil ainda pelo momento político que vivemos, quando travestis e pessoas trans vêm reivindicando seu lugar na arte, a representatividade na arte”.
Sobre o fato de a peça não ser protagonizada por uma travesti, a atriz acha que pode haver críticas, sim. “Pode e estou aberta para conversar sobre isso. Incluímos pessoas trans na produção, como Aurora Borealis, que é assistente de produção, e Dandara Vital, que é diretora assistente e faz participação especial na peça. Era meu sonho realizar este projeto, viver e contar esta personagem”, diz ela, acrescentando que a equipe ain- da tem um fotógrafo homem trans e um iluminador que é uma drag queen.
Os processos de composição da história e da personagem vêm de longa data. Nos