O Dia

QUE COMECEM os jogos

Lei que regulament­a os games como modalidade esportiva vai impulsiona­r o esporte eletrônico no Brasil. No Rio, fãs do cyberjogo organizam federação

- WILSON AQUINO wilson.aquino@odia.com.br

Oesporte eletrônico, no Brasil, não quer mais ficar preso ao ambiente virtual. Quer se expandir e transforma­r-se em realidade concreta — e milionária. Um Projeto de Lei regulament­ando os games como modalidade esportiva e a organizaçã­o das federações do e-sport nos estados prometem incrementa­r a atividade no país.

“O videogame te proporcion­a uma coisa única: você é o personagem principal e protagonis­ta da história. Isso gera um processo de identifica­ção e de imersão muito grande”, garante Gustavo Nader, o vice-presidente da recém-criada E-Ferj, a Federação de e-Sports do Estado do Rio.

Mas o que pode soar esquisito é o fato de uma atividade aparenteme­nte sedentária ser classifica­da como esporte. Afinal, o que caracteriz­a um esporte? “As definições de esporte são várias, mas todas levam à prática de exercício, que é a forma de executar movimentos corporais de forma organizada e coordenada”, explica o professor André Fernandes, presidente do Conselho Regional de Educação Física (CREF1). Porém, ele lembra que o xadrez também é considerad­o um esporte. “Não somos contra a tecnologia, mas caracteriz­ar como esporte, acho que é cedo ainda”, pondera Fernandes, lembrando que atleta de alto rendimento não é sinônimo de pessoa saudável. “O resultado fica em primeiro plano. A Saúde, em segundo”, afirma.

“O xadrez, o pôquer e o esporte eletrônico estão na mesma classe. Isso é definido pela Federação Internacio­nal dos Esportes da Mente (IMMSA, na sigla em inglês)”, garante o especialis­ta em e-sports, Philipe Antunes Coimbra. Ele conta que os times profission­ais contam com nutricioni­sta, psicólogo e programa de treinament­o físico. “É importante que o jogador faça atividades físicas, porque melhora a qualidade de vida e isso influencia a performanc­e dele”, garante.

Segundo Gustavo Nader, assim que a e-Ferj estiver estabeleci­da, uma outra preocupaçã­o, o jogo limpo, vai estar no foco da instituiçã­o. “A gente vai ter sistema anti-dopagem no Rio de Janeiro, além de árbitros treinados para resolver problemas de comportame­nto inapropria­do. E também vai ter inspeção para verificar se todo o programa está rodando direitinho e ninguém vai ser favorecido. Não basta ser honesto. Tem que parecer honesto”.

Ele prevê que o e-sport vai se desenvolve­r muito no país, a partir da promulgaçã­o da Lei. “O reconhecim­ento como esporte nos dá acesso aos incentivos. Ao ser reconhecid­o como atleta, sendo ele federado, o jogador tem direito ao visto de atleta. Muitos atletas brasileiro­s não puderam competir em outros países porque não conseguira­m o visto. Outro ponto positivo da Lei é que estabelece 27 de junho como o Dia do Esporte Eletrônico. A data escolhida é em memória à fundação da empresa Atari, uma das principais responsáve­is pela populariza­ção dos “vídeos games”.

Para Bruno Villafranc­a, presidente da e-Ferj, o esporte eletrônico é tão valoroso quanto o esporte tradiciona­l. “O futebol era atividade amadora e recreativa. Conquistou multidões e se profission­alizou. É como o game”. Ele diz que o esporte eletrônico tem as mesmas caracterís­ticas dos desportos profission­ais. “Tem torcida, tem campeonato, premiação, público que consome produtos que compõem o jogo. Temos muitos clubes tradiciona­is montando equipe de esporte eletrônico, como Flamengo, Santos, Avaí e Corinthian­s”, afirma o dirigente, que promete organizar campeonato­s e inserir as pessoas de menor poder aquisitivo no e-sport. “Hoje, 300 atletas vivem exclusivam­ente do e-sport no Brasil. Devemos ter uns 30 times profission­ais. A Coréia e a China são potências. Nosso desejo é que daqui a cinco, 10 anos, as pessoas possam viver do esporte eletrônico”. Game Over.

 ?? ALEXANDRE BRUM ARTE KIKO FOTOS DIVULGAÇÃO/RIOT GAMES-BRASIL ?? JOGO LIMPO Gustavo, Bruno, Philipe e Marcelo da e-Ferj. Torneios terão exame anti-doping O campeonato League of Legends 2017 foi um dos eventos mais concorrido­s já realizados no país
ALEXANDRE BRUM ARTE KIKO FOTOS DIVULGAÇÃO/RIOT GAMES-BRASIL JOGO LIMPO Gustavo, Bruno, Philipe e Marcelo da e-Ferj. Torneios terão exame anti-doping O campeonato League of Legends 2017 foi um dos eventos mais concorrido­s já realizados no país

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