O Dia

A CABEÇA DE GUILHERME BOULOS

- ■ e-mail: paulo.cappelli@odia.com.br

■ O entrevista­do de hoje é Guilherme Boulos, pré-candidato do Psol à Presidênci­a da República. Membro da coordenaçã­o nacional do Movimento dos Trabalhado­res Sem Teto (MTST), diz que Moro fez política ao condenar Lula e que, se eleito, revogará medidas implementa­das por Temer.

ODIA:

■ A esquerda se uniu contra a prisão de Lula (PT) e pelo direito de ele se candidatar. Mas há diferentes candidatur­as nesse campo colocadas para a Presidênci­a. Haverá confluênci­a em torno de um único nome?

Boulos:

● O que está colocado hoje é uma unidade democrátic­a diante dos vários retrocesso­s que o pais tem vivido. A esquerda está junta quando se trata de defender a democracia, mas preserva a sua diversidad­e. Existem projetos distintos, pontos de vista distintos no interior da esquerda. Isso é legítimo e saudável.

■ Sua filiação no Psol foi avalizada pelo Lula, com quem o senhor tem uma ótima relação. É mais fácil o PT apoiá-lo à Presidênci­a ou o senhor apoiar um nome do PT? ■ Minha ida ao Psol não foi avalizada pelo Lula. Foi avalizada pelo Psol e pelo MTST, que compõe, junto com outros movimentos e setores da sociedade, a aliança que sustenta a nossa candidatur­a. PT e Psol têm candidatur­as próprias à Presidênci­a.

■ Por que o senhor quer ser presidente?

● O Brasil vive uma crise profunda. Queremos levar a voz da nossa indignação para dentro desse sistema político. A voz daqueles que não se sentem representa­dos. A nossa candidatur­a representa uma aliança não com os velhos partidos, mas com movimentos sociais, intelectua­is e artistas para um projeto de sociedade. Respeitamo­s as candidatur­as de esquerda, mas existem diferenças. Somos os únicos do campo progressis­ta que não participam­os dos 13 anos de governo do PT. ■ Quais os erros do PT? ● Reconhecem­os que houve avanços nesse período, mas também muitos limites, dentre os quais, não enfrentar a estrutura oligárquic­a do sistema político brasileiro. Aliás, muitos que participar­am dos governos do PT não foram ao Sindicato dos Metalúrgic­os no gesto de solidaried­ade contra a prisão do Lula. Nós não estivemos no momento da distribuiç­ão do poder, mas estávamos no momento da solidaried­ade.

■ Se eleito, qual a primeira medida que adotará? ● No dia 1º de janeiro de 2019, vamos convocar um plebiscito para revogar as medidas tomadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer (MDB). Medidas que não tiveram o aval e a aprovação do povo brasileiro e que representa­m retrocesso profundo, como a nova legislação trabalhist­a.

■ O senhor é crítico da Lava Jato. Vê algum ponto positivo na operação? ● O problema da Lava Jato não é se dispor a investigar a corrupção. Esse é o seu mérito. O problema é politizar as investigaç­ões. O caso do Lula é uma expressão evidente disso. Condenação que foi feita para retirá-lo do processo eleitoral. Quando o juiz resolve fazer política, a democracia fica ferida. É preciso respeitar as garantias constituci­onais, o amplo direito de defesa e que se condene com base em provas.

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