O Dia

Insistênci­a arriscada com Lula

PT reafirma que vai registrar candidatur­a, mas Lei da Ficha Limpa é obstáculo difícil

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Ainsistênc­ia do PT em manter a candidatur­a formal do ex-presidente Lula ao Planalto, reafirmada ontem em tuíte da presidente do partido, Gleisi Hoffmann - “Lula é nosso candidato, está no gozo dos direitos político” -, além de ser politicame­nte perigosa, tem chances remotas de passar pelo crivo da Justiça.

Nada impede, no entanto, que o PT registre a candidatur­a de Lula. “Ele não está inelegível. A prisão não muda nada em relação a isso. A Justiça Eleitoral não faz análise prévia. Lula só se tornará inelegível se sua candidatur­a for registrada e o TSE negar o registro”, explica o advogado Cristiano Vilela, membro da Comissão Eleitoral do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP). Assim, Lula poderá fazer campanha enquanto aguarda uma decisão. Com recursos, o imbróglio pode se estender até depois do pleito.

No entanto, o entendimen­to do STF é de que a Lei da Ficha Limpa deve ser mantida, diz Vilela.

O cientista político Fábio Wanderley Reis (UFMG), diz que “o PT não quer largar mão do grande líder do partido”, o que pode prejudicar ainda mais a legenda.

A Lei da Ficha Limpa proíbe a candidatur­a de políticos condenados por um órgão colegiado (composto por mais de um magistrado) em determinad­os crimes, entre os quais “lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores”. Lula teve seu caso analisado pelos três desembarga­dores da Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) - órgão colegiado.

A condenação foi por corrupção e ocultação de bens no caso do triplex. Ao determinar a prisão de Lula, o TRF4 confirmou o “exauriment­o dessa instância recursal”, ou seja, o trânsito em julgado na segunda instância.

Vilela lembra que a atribuição de julgar os registros de candidatur­as é do Tribunal Superior Eleitoral e isso deve ser feito até 15 de agosto. Assim, o PT até pode registrar a candidatur­a de Lula, mesmo ele estando preso. O presidente dessa Corte, no entanto, ministro Luiz Fux, que vai presidir o processo eleitoral, deixou bem clara a sua posição quando tomou posse em 6 de fevereiro. “A Justiça Eleitoral, como mediadora do processo político sadio, será irredutíve­l na aplicação da Ficha Limpa, conquista popular que introduziu, na ordem jurídica, um instrument­o conducente o Brasil a um patamar civilizató­rio ótimo”.

STF

Por 5 a 0, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou o recurso do ex-presidente Lu lapara revertera sua prisão. O julgamento, no plenário virtual, foi concluído ontem.

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