Com diversificado itinerário de bares na cidade, região tem seis títulos em dez edições de concurso de gastronomia
De bar em bar, o gostinho de ser Zona Norte sem mantém
Opetisco é a melhor forma de começar a falar da Zona Norte. Marca registrada de uma cidade que não para de crescer, é nesse pedaço de chão do Rio que nossa pequena — mas apreciadíssima — refeição mostra sua majestade. Não por acaso, de dez edições já concluídas de um concurso de gastronomia da cidade, a Zona Norte petiscou seis vezes o título de melhor boteco carioca. Ou (sem medo de diminutivos) o melhor botequim entre nós.
Claro, sempre é possível ouvir as críticas dos que consideram que o bar da esquina está ficando gourmetizado, no meio do caminho entre os tremoços de antigamente e o Troisgois (referência ao chef francês da alta gastronomia). Mas tem para todos os gostos. Na Zona Norte, como em outros cantos da cidade, o bom e velho bife acebolado resiste.
“Na Zona Sul, há vários botecos tradicionais. Mas, em algumas regiões do Rio, os gostos populares vão sendo deixados de lado. Na Zona Norte, talvez isso aconteça menos. Por isso, a cultura do botequim seja mais viva lá”, diz Fernando Blower, presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio.
Um bom parâmetro da força dos bares da Zona Norte são os dados de um dos concursos de gastronomia mais populares da cidade. Não só pelo hexacampeonato já conquistado pela região (com cheirinho de hepta, para os mais provocadores). Sem dúvida, isso é um belo recheio. Mas vale também registrar que, dos 58 bares concorrentes este ano, 23 (ou quase 40%) deles são da Zona Norte, incluindo aí a Tijuca. Os demais ficam na Zona Sul (13), Centro (5), Zona Oeste (8), Paquetá (2) e Baixada Fluminense (7).
Um desses botequins fica na Vila da Penha. Inaugurado em 2004, ‘O Original do Brás’ ostenta um glorioso bicampeonato. Nada mal. No entanto, este ano, o dono optou por uma farta porção de cautela. “A expectativa é apenas de ficarmos bem colocados”, diz José Garcia.
Na Zona Norte, vale até ‘gourmetizar’ o meio de transporte na busca pelo tira-gosto. Foi assim que um grupo de cinco bares do Grajaú contratou uma van para levar clientes de um boteco o outro. Ideia semelhante teve Gustavo Teles, 34 anos, morador do bairro. Ele e amigos alugaram um desses veículos para levá-los pelo circuito do evento de gastronomia em toda a cidade. “Vou a 15 botequins por ano”, diz, sem esconder o orgulho. Definitivamente, orgulho de cliente de bar!