O Dia

Com diversific­ado itinerário de bares na cidade, região tem seis títulos em dez edições de concurso de gastronomi­a

De bar em bar, o gostinho de ser Zona Norte sem mantém

- ANTERO GOMES antero.gomes@gmail.com

Opetisco é a melhor forma de começar a falar da Zona Norte. Marca registrada de uma cidade que não para de crescer, é nesse pedaço de chão do Rio que nossa pequena — mas apreciadís­sima — refeição mostra sua majestade. Não por acaso, de dez edições já concluídas de um concurso de gastronomi­a da cidade, a Zona Norte petiscou seis vezes o título de melhor boteco carioca. Ou (sem medo de diminutivo­s) o melhor botequim entre nós.

Claro, sempre é possível ouvir as críticas dos que consideram que o bar da esquina está ficando gourmetiza­do, no meio do caminho entre os tremoços de antigament­e e o Troisgois (referência ao chef francês da alta gastronomi­a). Mas tem para todos os gostos. Na Zona Norte, como em outros cantos da cidade, o bom e velho bife acebolado resiste.

“Na Zona Sul, há vários botecos tradiciona­is. Mas, em algumas regiões do Rio, os gostos populares vão sendo deixados de lado. Na Zona Norte, talvez isso aconteça menos. Por isso, a cultura do botequim seja mais viva lá”, diz Fernando Blower, presidente do Sindicato de Bares e Restaurant­es do Rio.

Um bom parâmetro da força dos bares da Zona Norte são os dados de um dos concursos de gastronomi­a mais populares da cidade. Não só pelo hexacampeo­nato já conquistad­o pela região (com cheirinho de hepta, para os mais provocador­es). Sem dúvida, isso é um belo recheio. Mas vale também registrar que, dos 58 bares concorrent­es este ano, 23 (ou quase 40%) deles são da Zona Norte, incluindo aí a Tijuca. Os demais ficam na Zona Sul (13), Centro (5), Zona Oeste (8), Paquetá (2) e Baixada Fluminense (7).

Um desses botequins fica na Vila da Penha. Inaugurado em 2004, ‘O Original do Brás’ ostenta um glorioso bicampeona­to. Nada mal. No entanto, este ano, o dono optou por uma farta porção de cautela. “A expectativ­a é apenas de ficarmos bem colocados”, diz José Garcia.

Na Zona Norte, vale até ‘gourmetiza­r’ o meio de transporte na busca pelo tira-gosto. Foi assim que um grupo de cinco bares do Grajaú contratou uma van para levar clientes de um boteco o outro. Ideia semelhante teve Gustavo Teles, 34 anos, morador do bairro. Ele e amigos alugaram um desses veículos para levá-los pelo circuito do evento de gastronomi­a em toda a cidade. “Vou a 15 botequins por ano”, diz, sem esconder o orgulho. Definitiva­mente, orgulho de cliente de bar!

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O administra­dor Gustavo Teles (blusa preta) sempre vai com a namorada e amigos a bares da Zona Norte do Rio
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DIVULGAÇÃO Cinco botecos do Grajaú contratara­m van para transporta­r passageiro­s
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FERNANDA DIAS ‘O original’ aposta em estrogonof­e

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