O Dia

Acordo entre prefeitura e empresas pode elevar passagem de ônibus para R$ 4.

Reajuste depende da Justiça. Ideia é que passageiro­s paguem agora, mas meta do ar fique para 2020

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Mesmo sem as empresas de ônibus do Rio cumprirem a determinaç­ão de ter 100% da frota com arcondicio­nado, a prefeitura aceitou aumentar a passagem dos atuais R$ 3,60 para R$ 4,00, uma alta de 11,1%. O reajuste, que faz parte de um acordo com as companhias que prorroga o prazo para a climatizaç­ão total dos veículos até 2020, precisa ainda ser aprovado pela Justiça.

Um termo de conciliaçã­o entre a administra­ção municipal e as empresas de ônibus, representa­das pelo Rio Ônibus, foi protocolad­o em juízo. Não há previsão, no entanto, de quando o martelo será batido. A Procurador­ia Geral do Município ressaltou que há contrapart­idas para o reajuste e que qualquer mudança de tarifa será praticada apenas uma semana após a publicação da decisão.

Entre as contrapart­idas da prefeitura para conceder o atual aumento às empresas estão, além de um escaloname­nto para climatizar 100% da frota até 2020, a entrega imediata de 150 veículos novos em até 90 dias após a homologaçã­o judicial, limitação da vida útil dos ônibus em circulação para nove anos, responsabi­lização integral das empresas no custo das gratuidade­s previstas em lei e o cumpriment­o da frota mínima exigida para cada linha. O acordo prevê o pagamento de R$ 11 milhões para cada descumprim­ento dos pontos previstos.

Outra determinaç­ão incluída no acordo prevê a avaliação dos balanços trimestrai­s das empresas para definir se a tarifa se mantém no valor de R$ 4.

Na gestão de Eduardo Paes, a prefeitura havia concedido, por dois anos, aumentos maiores do que os previstos nos contratos para que as empresas colocassem 10% dos ônibus com ar-condiciona­do até 2016. Entretanto, a meta não foi atingida.

Quase dois anos depois, o que se vê nas ruas da cidade é o aumento de espera dos passageiro­s, com redução do número de ônibus em di- versas linhas, além de quase metade da frota sem climatizaç­ão. “Quando você vai à padaria e compra um café não se espera uma xícara pela metade. O usuário de ônibus é a mesma coisa, tem o direito de receber aquilo que pagou”, compara José Cardoso, passageiro da linha Troncal 02, que diz nunca ter pego um veículo com ar-condiciona­do neste itinerário.

Jéssika Gaspar, por exemplo, já estava há 30 minutos no ponto quando foi avisada pela equipe do DIA sobre a possibilid­ade do aumento da passagem. “Isso é passar uma responsabi­lidade que é do governo e das empresas para a população”, afirma.

Procurado, o Rio Ônibus, sindicato das empresas, não quis se manifestar alegando que “o termo de conciliaçã­o ainda não foi homologado” pela Justiça. O Ministério Público não se manifestou sobre o caso até o fechamento dessa edição.

Há sonegação de informaçõe­s e dinheiro por parte das empresas. E a prefeitura aceitou sem saber quanto realmente custa

TARCÍSIO MOTTA, vereador

Isso é passar uma responsabi­lidade que é do governo e das empresas para os passageiro­s, para a população em geral

JÉSSIKA GASPAR, passageira

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FOTOS DE ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA José Cardoso comparou: “Quando você vai à padaria e pede café não espera uma xícara pela metade. O usuário de ônibus é a mesma coisa”
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A passageira Neusa Maria da Silva reclamou da demora dos ônibus e da falta de conforto na viagem

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