MDB X PSC E O INSS 17 de maio e a luta contra a homofobia
Apesar da mal explicada contratação por R$ 8,8 milhões da RSX para entrega de softwares e serviços de informática ao INSS, o que está por trás da demissão do recém-empossado presidente do órgão, Francisco Lopes, é uma briga do MDB e PSC pelo controle da bilionária autarquia. Lopes era o nome do PSC no INSS – por ora o partido mantém a prerrogativa de indicação de novo nome. Mas o MDB está de olho na vaga. A briga passa pelo Ministério do Desenvolvimento Social, cujo titular Alberto Beltrame, ex-chefe de gabinete de Osmar Terra e ligado ao MDB, tomou a decisão da demissão.
Lá atrás
Curiosidade na história cheia de suspeitos – de todos os lados. O contrato com a RSX foi fechado por um diretor que foi exonerado, sob suspeita, há dois meses.
Irritação
Ministros palacianos não gostaram de ver a demissão de Lopes vazada pelo MDS, cuja assessoria, procurada pela Coluna, se resumiu a confirmar só por telefone a demissão.
No que dá
Nessa briga de partidos sobra para você, cidadão e aposentado. Com o freio e tratativas para novo presidente, projetos milionários de interesse do povo foram suspensos.
Temer = Dilma
O atual índice de reprovação do Governo de Michel Temer, 71%, é o mesmo
da ex-presidente Dilma em outubro de 2015, 7 meses antes de ser apeada da Presidência. Dilma, à época, tinha 15% de aprovação. Hoje Temer tem pouco mais de 4%.
Sem censura (mesmo)
A Comissão de Ética Pública arquivou uma denúncia vazia contra Laerte Rimoli, ex-presidente da EBC, relacionada à suposta restrição de cobertura do assassinato da vereadora Marielle Franco. Ele não teve papel no episódio e demitiu editor responsável.
Consórcio na pista
O novo ouvidor geral da ANTT, Caio Cesar, oriundo de Roraima, já advogou para empresa de ônibus do deputado Remídio Monai (PR), de quem seria apadrinhado no atual cargo. Não advogou para outras empresas ligadas ao senador Jucá.
Ao longo da história, em diferentes épocas e países, a homossexualidade — e outras expressões da diversidade sexual humana, como a bissexualidade e a as identidades trans — tem sido perseguida e estigmatizada por três discursos de autoridade muito poderosos: a religião, a ciência e a lei.
Ainda hoje, mais de 70 países têm leis que criminalizam a homossexualidade; países onde uma pessoa gay ou lésbica pode ser presa apenas por existir, ou até condenada à pena de morte. E isso, que é visto como uma atrocidade nesta parte do mundo, algo próprio de nações atrasadas e sem democracia, já aconteceu também no Ocidente. Na mesma Grã-Bretanha que hoje tem casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, o brilhante cientista Alan Turing, que ajudou a derrotar os nazistas e inventou a computação, foi condenado à castração química por ser gay em 1952, o que o levou ao suicídio dois anos depois. E muito antes dele, o escritor Oscar Wilde, hoje admirado no mundo inteiro, foi tratado, também, como escória. Mas esse maltrato não é um “privilégio” de nós, LGBTs. Também já houve leis no Ocidente (e ainda há em parte do Oriente) que negavam direitos civis básicos às mulheres, como houve outras que tratavam os negros ou os judeus como sub-humanos.
Diferentes religiões consideram que a homossexualidade é pecado. Para algumas, inclusive, pecado mortal. Nos países governados por teocracias islâmicas, como o Irã e a Arábia Saudita, a lei da sharia condena os homossexuais à morte na forca ou por apedrejamento. Nas democracias ocidentais, a Igreja Católica e as igrejas evangélicas fundamentalistas (há, também, igrejas inclusivas que aceitam a diversidade sexual) fazem lobby contra nossos direitos civis, usam passagens descontextualizadas e mal interpretadas da Bíblia para nos condenar ao fogo eterno e espalham o
discurso homofóbico mais odioso e violento, usando para isso seus cultos, programas de TV e até mandatos legislativos e prefeituras.
Falta falar da ciência. Até 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde considerava a homossexualidade como doença. Uma burrice anticientífica que provocou e justificou muita perseguição, maltrato e sofrimento infligido a milhões de pessoas em nome de um falso saber. Nessa data, a OMS reconheceu seu erro e disse o óbvio: homossexualidade não é doença, apenas uma orientação sexual, tão saudável e normal quanto as outras. É por isso que, desde então, cada 17 de maio, é celebrado o Dia Internacional contra a Homofobia.
Não é por acaso que o PSOL escolheu essa data, quinta-feira, para anunciar publicamente minha précandidatura à reeleição como deputado federal pelo Rio de Janeiro (o lançamento será às 18h, no Clube dos Democráticos, na Lapa). Embora meu mandato esteja dedicado a uma ampla série de pautas relacionadas com a defesa da democracia, dos direitos humanos, das liberdades individuais e da justiça social — qualquer pessoa que pesquisar meus projetos de lei verá que é mentira que eu trabalhe “apenas” para a comunidade LGBT —, tenho muito orgulho de ser o primeiro
ativista gay que chega ao Congresso Nacional, de ter ajudado a conquistar direitos, como o casamento civil igualitário, e de todo o trabalho que meu mandato faz todos os dias para lutar contra o preconceito.
Ser gay nesse Congresso majoritariamente machista e homofóbico não é fácil. Já fui levado várias vezes ao Conselho de Ética em tentativas de cassar meu mandato, mas nunca por um desvio ético, porque sou honesto. Sou perseguido pela minha sexualidade! Da última vez, eles me acusaram de “crime de perversão sexual”, um delito inexistente na legislação brasileira. Sou xingado no plenário e nas comissões, difamado na internet e muitas vezes deixado de lado até por companheiros de militância. Porém, meu mandato recebeu prêmios nacionais e internacionais e, em 2014, fui o sétimo deputado mais votado do estado, com quase 145 mil votos.
Neste ano, mesmo no clima de ódio e violência que a gente vive, eu entendi que é necessário continuar essa luta. Tem muito para fazer ainda no Congresso (que espero seja melhor que o atual) e precisamos de muita força para defender nossa ferida democracia e enfrentar o fascismo e a intolerância. É por isso que aceitei, mais uma vez, o desafio dessa pré-candidatura.