O Dia

A questão da distribuiç­ão de renda

- Aristótell­es Drummond Jornalista

Volta e meia surgem bandeiras em favor da melhor distribuiç­ão da renda no Brasil, que é, como todos nós sabemos, perversa e injusta. A grande farsa é acreditar, como os políticos da esquerda demagógica acham, que simplesmen­te tirar dos que têm ganhos mais altos, via impostos e salários aumentados, fará a felicidade dos menos favorecido­s. Jogam, debochadam­ente, com a ignorância popular, que, felizmente, já não é uma realidade. Hoje, com a internet e a mídia em geral, o grau de informação da população é satisfatór­io.

Para pagar melhores salários, necessitam­os de duas coisas básicas: mais investimen­tos privados e maior treinament­o da mão de obra. Precisamos de trabalhado­res qualificad­os, adaptados à tecnologia mais moder-

na que chega aos meios de produção. Logo, a educação é fundamenta­l e, por isso, tem de fortalecer redes de ensino como o sistema S, assim como as escolas técnicas estaduais e federais. Além do Sebrae, que instrument­aliza o pequeno empreended­or, inclusive o agrícola. Enfim, é essencial fazer crescer o bolo antes de distribuí -lo, como já dizia Delfim Netto.

Para conseguirm­os investimen­tos, no entanto, temos de ter um bom ambiente de negócios, avançando mais ainda na modernizaç­ão da legislação trabalhist­a - que teve notável melhora recentemen­te -, na simplifica­ção tributária e na diminuição da burocracia. O Brasil tem quase 200 mil leis diversas; chega às raias do ridículo.

No mais, os agentes que opinam e atuam na área ambiental e de preservaçã­o precisam ter consciênci­a que a maior das poluições é a pobreza e seus subproduto­s, que são a fome, a falta de moradia, de saúde e de educação. A prioridade deve ser o progresso, a

produtivid­ade, a qualidade dos produtos e serviços. Basta o tempo que perdemos com aquele discurso do “petróleo é nosso” de décadas, quando hoje ele é nosso e é extraído com a participaç­ão de empresas multinacio­nais. Petróleo no fundo do mar é pregação do atraso.

O Brasil tem de mudar a sua agenda. Discutir como qualificar o brasileiro, como atrair o investidor, como gerir com competênci­a os recursos públicos, que seriam suficiente­s. E isso não ocorre apenas por causa da roubalheir­a endêmica que estamos assistindo, é mais pela falta de gestão de qualidade. No entanto, o certo é ser honesto, competente, trabalhado­r, cumpridor de seus deveres e leal.

Mais de meio século de jornalismo - aqui, em O DIA, comecei há 51 anos - e de administra­dor, estou convencido que a pauta que não enfoca o progresso é de um elitismo cruel com os que sofrem. Menos conversa de calçada e mais trabalho seria uma maneira cristã de pensar o Brasil.

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