O Dia

Padre Fábio se desculpa pelas ofensas às religiões afro

Pedido foi feito durante lançamento de campanha por tolerância religiosa em terreiro recentemen­te atacado na Baixada Fluminense

- GABRIEL SOBREIRA gabriel.sobreira@odia.com.br

Líderes de diversas religiões lançaram ontem campanha contra a intolerânc­ia religiosa. O evento inaugural foi no Centro Espírita Caboclo Pena Branca, em Cabuçu, Nova Iguaçu, vandalizad­o no último dia 8. Durante a cerimônia, o padre Fábio de Melo pediu desculpas ao babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerânc­ia Religiosa (CCIR), por declaraçõe­s em um vídeo em que ironiza os rituais de religiões afro-brasileira­s. O evento também contou com a presença do pastor e cantor gospel Kleber Lucas.

“Fui infeliz na piada e não precisava. Não é mais engraçado. Precisamos compreende­r que o riso sobre o outro pode ser cerramento doloroso para ele. Ivanir dos Santos ganhou um parceiro definitivo”, desculpou-se o padre Fábio de Melo, em meio a imagens de santos queimados e paredes chamuscada­s do terreiro de Nova Iguaçu.

O sacerdote católico se compromete­u a participar do show no final da 11ª edição da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, no dia 16 de setembro, em Copacabana. Ele ainda afirmou que o episódio do vídeo vai influencia­r o sacerdócio dele. “Acredito que todo líder religioso deve ficar atento na forma como influencia­mos as pessoas. A partir do episodio refleti muito”, disse o padre, que tenta derrubar o vídeo ainda disponível na internet.

Foi o próprio babalaô Ivanir dos Santos, da CCIR, que convidou o padre para visitar o Centro Espírita Caboclo Pena Branca, casa de matriz africana danificada. A intermedia­ção foi feita pelo arcebispo Dom Orani Tempesta. “Ele ligou para o padre, abriu a conversa e me avisou que eu receberia um telefonema dele. Não poderia deixar de acolher esse gesto. Daqui para frente, a história pela diversidad­e religiosa e pelo respeito será outra que construire­mos a partir daqui”, acredita Ivanir.

O Centro Espírita Caboclo Pena Branca foi completame­nte depredado no dia 8 de maio. Foram quebradas imagens, atabaques foram furados e atearam fogo no local. Também foram feitas várias pichações. Atualmente, diversas religiões fazem campanha para ajudar a reconstrui­r o terreiro.

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SEVERINO SILVA Além do padre e do babalaô, o pastor Kleber Lucas e Sergio D’Ogum

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