Padre Fábio se desculpa pelas ofensas às religiões afro
Pedido foi feito durante lançamento de campanha por tolerância religiosa em terreiro recentemente atacado na Baixada Fluminense
Líderes de diversas religiões lançaram ontem campanha contra a intolerância religiosa. O evento inaugural foi no Centro Espírita Caboclo Pena Branca, em Cabuçu, Nova Iguaçu, vandalizado no último dia 8. Durante a cerimônia, o padre Fábio de Melo pediu desculpas ao babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), por declarações em um vídeo em que ironiza os rituais de religiões afro-brasileiras. O evento também contou com a presença do pastor e cantor gospel Kleber Lucas.
“Fui infeliz na piada e não precisava. Não é mais engraçado. Precisamos compreender que o riso sobre o outro pode ser cerramento doloroso para ele. Ivanir dos Santos ganhou um parceiro definitivo”, desculpou-se o padre Fábio de Melo, em meio a imagens de santos queimados e paredes chamuscadas do terreiro de Nova Iguaçu.
O sacerdote católico se comprometeu a participar do show no final da 11ª edição da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, no dia 16 de setembro, em Copacabana. Ele ainda afirmou que o episódio do vídeo vai influenciar o sacerdócio dele. “Acredito que todo líder religioso deve ficar atento na forma como influenciamos as pessoas. A partir do episodio refleti muito”, disse o padre, que tenta derrubar o vídeo ainda disponível na internet.
Foi o próprio babalaô Ivanir dos Santos, da CCIR, que convidou o padre para visitar o Centro Espírita Caboclo Pena Branca, casa de matriz africana danificada. A intermediação foi feita pelo arcebispo Dom Orani Tempesta. “Ele ligou para o padre, abriu a conversa e me avisou que eu receberia um telefonema dele. Não poderia deixar de acolher esse gesto. Daqui para frente, a história pela diversidade religiosa e pelo respeito será outra que construiremos a partir daqui”, acredita Ivanir.
O Centro Espírita Caboclo Pena Branca foi completamente depredado no dia 8 de maio. Foram quebradas imagens, atabaques foram furados e atearam fogo no local. Também foram feitas várias pichações. Atualmente, diversas religiões fazem campanha para ajudar a reconstruir o terreiro.