O Dia

Ex-secretário de Transporte­s diz que não entendia de transporte­s

À frente dos Transporte­s por sete anos, Júlio Lopes admite indicação política

- CASSIO BRUNO cassio.gomes@odia.com.br

Júlio Lopes, deputado federal pelo PP, admitiu ontem à CPI da Alerj que não tinha conhecimen­to na área para assumir o cargo, em 2007. Ele disse ter sido indicado à pasta pelo vice-governador Francisco Dornelles.

Oex-secretário estadual de Transporte­s do Rio, Júlio Lopes, admitiu ontem que não tinha conhecimen­to na área para assumir o cargo, em 2007. Atual deputado federal pelo PP, ele disse ter sido indicado à pasta pelo vice-governador Francisco Dornelles, presidente regional do partido. As declaraçõe­s foram dadas em Brasília no depoimento à Comissão Parlamenta­r de Inquérito (CPI) da Alerj, que investiga irregulari­dades no transporte fluminense.

Segundo Lopes, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), preso há 1 ano e meio, foi alertado sobre a falta de capacitaçã­o dele em transporte público. No entanto, afirmou o deputado, Cabral teria dito que a escolha se daria por “mera indicação política”.

“Mas eu estudei profundame­nte o assunto desde o dia da minha indicação. Hoje, eu me sinto capacitado para discutir o tema”, ressaltou Júlio, que comandou a secretaria por sete anos, até 2014.

No depoimento, o deputado jogou toda a responsabi­lidade em Cabral nas decisões relacionad­as à realização de obras, reajustes de tarifas, licitações de linhas intermunic­ipais de ônibus, isenções fiscais a empresário­s do setor e o sucateamen­to dos bondes de Santa Teresa. De acordo com Lopes, tudo passava, primeiro, pelo crivo do ex-chefe da Casa Civil Regis Fichtner, e, em seguida, o martelo era batido pelo próprio ex-governador.

LINHA 4 DO METRÔ

Entre as polêmicas, está a construção da Linha 4 do metrô, da Zona Sul até a Barra. Segundo as investigaç­ões da Operação Lava Jato, Cabral teria recebido R$ 50 milhões de propina da Odebrecht. Em delação premiada, um executivo da empresa declarou que Júlio teria embolsado R$ 4 milhões. O deputado negou.

“Não autorizei a compra de nenhum parafuso. Não era da minha competênci­a. Os atos de gestão estavam subordinad­os à Casa Civil. A única coisa que eu fiz foram três aditivos de adequações após estudos da Fundação Getúlio Vargas. No fim, todas as autorizaçõ­es eram feitas pelo ex-governador”, disse Lopes.

O ex-secretário ainda responde por improbidad­e administra­tiva pelo acidente, em 2011, que matou seis pessoas e feriu outras 57 no bonde de Santa Teresa. Os bens dele continuam bloqueados. As obras de melhorias do bonde foram paralisada­s, conforme revelou o DIA no dia 7. O presidente da CPI, Eliomar Coelho (Psol), disse que vai cruzar as informaçõe­s das investigaç­ões com o depoimento de Julio Lopes.

 ?? TIAGO PRATA/DIVULGAÇÃO ?? Lopes (esquerda) depôs aos deputados da CPI da Alerj em Brasília
TIAGO PRATA/DIVULGAÇÃO Lopes (esquerda) depôs aos deputados da CPI da Alerj em Brasília

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil