Para baixar preços, governo tira imposto de combustíveis
Empresas alertam que vão racionar frota devido à greve de caminhoneiros. Postos avisam que pode faltar combustíveis
Previsão é que medida resulte em redução de 2% no valor da gasolina e de 1,5% no diesel. Governo cedeu à pressão de caminhoneiros, que ontem voltaram a bloquear estradas.
Odesabastecimento de combustíveis, por conta da greve nacional dos caminhoneiros, poderá reduzir o número de ônibus nas ruas do Grande Rio a partir de hoje. O alerta foi dado pela Federação das Empresas de Transportes (Fetranspor) e Rio Ônibus, que representam o setor no estado e no município, respectivamente. À noite, também em nota, o Sindicato dos Donos de Postos (Sindcomb), previa a falta de combustíveis “para as próximas horas”, enquanto a Secretaria Municipal de Transporte já recomendava à população que, diante do quadro, “que os deslocamentos sejam feitos hoje prioritariamente por transporte público de massa (metrô, trem e VLT)”.
“Os consórcios solicitaram apoio da prefeitura para reforço no contato com os órgãos de segurança pública para a escolta de carretas de combustível às garagens, além de autorização excepcional do contingenciamento da frota nas ruas, o que irá afetar a circulação dos ônibus”, diz a nota da secretaria.
Até o fechamento desta edição, porém, a situação era normal. O DIA checou Segundo empresas de ônibus, estoques são usados desde ontem
em oito postos e nenhum foi constatado problema. O Rio está entre as regiões onde os preços de combustíveis estão entre os mais caros do Brasil. Nas bombas da capital, a gasolina tem preço médio de R$ 4,753 e o diesel, R$ 3,693.
“O abastecimento no Rio está prejudicado desde as 10 horas da manhã... Caso a situação não seja normalizada nas próximas horas, poderá haver falta de produto e de suprimentos nas lojas de conveniências”, destacou a nota do Sindcomb.
Já a assessoria de imprensa do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sindestado-RJ),
antigo Sindicom, informou que nenhum dos 34 sindicatos da entidade havia comunicado desabastecimento por volta de 19h.
O MetrôRio informou que, em razão da redução da circulação de ônibus, reforçará, a partir de hoje, as equipes em operação nas suas 41 estações.
À medida que a notícia sobre o provável desabastecimento foi circulando pelas redes sociais, muitos motoristas afirmavam que tentariam garantir tanque cheio, mas não havia grandes filas na noite de ontem.
Ogoverno Temer cedeu à pressão dos caminhoneiros, que ontem voltaram a bloquear estradas pelo segundo dia em vários pontos do país, e fechou acordo com o Congresso para reduzir tributos que incidem sobre os preços dos combustíveis. De acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ficou acertado que a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) será zerada para baixar os valores do diesel e da gasolina. O resultado seria uma queda de 2% no preço da gasolina e de 1,5% no valor do litro do diesel nas bombas. A Cide é cobrada desde maio de 2015 e representa acréscimo de R$ 0,10 por litro de gasolina, e R$0,05 por litro de diesel. O álcool não sofre essa cobrança.
O anúncio do acordo foi feito por Maia via redes sociais. Além de zerar a Cide, ele também comunicou que 100% dos recursos do projeto da reoneração da folha de pagamento serão destinados para reduzir o impacto do aumento do diesel.
O deputado Rodrigo Maia afirmou que as duas medidas foram acertadas por ele e pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
“Eu e o presidente do Senado combinamos com o governo federal: os recursos da reoneração serão todos utilizados para reduzir o impacto do aumento do diesel. E também acertamos com o ministro da Fazenda que a Cide será zerada com o mesmo objetivo: reduzir o preço dos combustíveis”, escreveu Maia no Twitter.
O projeto que prevê o fim da desoneração da folha de pagamentos para a maioria dos setores atualmente beneficiados - Projeto de Lei 8456/17, do Executivo - está pronto para a pauta do Plenário da Câmara.
QUEDA DE PREÇOS
Pela manhã, a Petrobras anunciou que os preços serão alterados de novo hoje, com o valor médio do litro da gasolina sem tributo nas refinarias passando a R$2,0433, com queda de 2,08%. Em maio, o combustível acumula alta de 13,6%. O valor médio do litro do diesel caiu para R$ 2,3351, 1,54% menor. No mês, o produto acumula alta de 10,6%. O presidente da estatal, Pedro Parente, afirmou ontem que o governo não considera mudar a política de reajuste.