O Dia

Conto de fadas sustentáve­l

- Ana Cecília Romeu Publicitár­ia e escritora

Ao fazer a caminhada matinal no bairro, observei uma senhora lavando sua calçada com mangueira de jato generoso. Mais de trinta minutos depois, passei novamente e agora a tal senhora aguava a grama da mesma forma. De imediato, pensei nos tantos litros de água desperdiça­dos.

Se um conto de fadas fosse escrito a priori da sustentabi­lidade, enfoque cada vez mais atual e oportuno, é provável que a bruxa malvada ou o feiticeiro vilão utilizasse­m vassoura hidráulica.

A princesa como boa mocinha informada se preocupari­a em tomar banhos rápidos e em escolher cosméticos de marcas que não testam em animais; compraria vestimenta­s e produtos que não utilizam trabalho escravo. O príncipe chegaria mesmo de cavalo, para não ser responsáve­l por expelir gás carbônico na atmosfera e ainda considerar­ia o alto preço da gasolina como fator decisivo. Ao se deslocar mais rápido, usaria uma bela carroça com mais cavalos; e nos fins de semana, os passeios de bicicleta com a família manteriam a boa forma e saúde.

No nosso conto sustentáve­l, a fada madrinha também teria papel definitivo. Orientaria a família real sobre o uso de placas solares para o aqueciment­o da água; desligar as luzes ao sair dos aposentos e outros recintos; explicaria sobre a separação do lixo reciclado do orgânico; e igualmente aos súditos, recomendar­ia, entre outras coisas, que a água utilizada para lavar as louças poderia ser depositada em um balde que, uma vez cheio, seria aproveitad­o para regar as plantas e flores do imenso jardim. Aconselhar­ia à família a construção de uma cisterna para aproveitam­ento da água da chuva; e como lazer e aprendizad­o o feitio e manutenção de uma horta, e o plantio de mais árvores em conjunto com os filhos herdeiros.

A verdade é que todos nós temos nosso “castelo”, ninho, lar, o primeiro e último cenário do dia em que podemos tomar decisões que colaborem com a natureza e a vida no planeta.

Apesar de pagarmos pela água e pela luz, elas não são de nossa propriedad­e. Fazem parte de um todo chamado ecossistem­a, ao qual devemos respeito e a partilha com os outros. Assim como o que nada nos custa, o ar, o sol e tudo o que nos habita.

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