Temer recua e cede a caminhoneiros
Preço do diesel cai R$ 0,46, desconto no valor passa de 30 dias para 60 e eixo suspenso livre de pedágio
Após reunião com pelo menos 15 caminhoneiros autônomos de vários estados, que levaram uma pauta de reivindicações para por fim à crise de abastecimento no país, o governo Temer concorda em reduzir o preço do litro de óleo diesel em R$ 0,46 na bomba - o que, segundo o presidente corresponde aos valores de PIS/ Cofins e Cide -, estende o desconto no valor de 30 dias para 60 dias, edita medidas provisórias para isentar de pedágio em todo território nacional os veículos com eixos suspensos, garante 30% dos fretes da Conab (que é a companhia de abastecimento do governo), além de criar uma tabela mínima de frete. As medidas foram anunciadas ontem em cadeia nacional pelo presidente Temer.
Embora tenha concordado com várias reivindicações dos caminhoneiros, isso não assegura o fim imediato da paralisação. Os caminhoneiros preferiram não se desmobilizar até quinta-feira. Em São Paulo, os pontos de bloqueio caíram de 220 para 32.
“Aguardamos que o presidente da República consiga equacionar isso”, disse o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), após ter conversado com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que está em Brasília. O Palácio do Planalto, onde o gabinete de crise está reunido desde o início da manhã, ainda não se pronunciou sobre o anúncio feito pelo governador de São Paulo. Márcio França admitiu que o governo federal tem dificuldades legais e financeiras para solucionar o impasse. Ele pediu ainda que o Congresso Nacional vote os projetos pendentes sobre valor mínimo do frete e a Lei Geral dos Transportes.
O grupo reforçou a pauta já apresentada na quintafeira - com pedido de medida provisória para uma nova política de remuneração do frete e um decreto presidencial para zerar o PIS/Cofins - e também novos pedidos - como garantir 30% do transporte da carga dos Correios para motoristas autônomos. “Nossa pauta é mais gorda que a apresentada antes”, disse Gilson Barbosa, representante do Movimento de Transportes de Grãos, de Mato Grosso. O encontro tem representantes autônomos de estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e entorno do Distrito Federal.