O Dia

Reforma faz Brasil ficar na mira da OIT

Organizaçã­o vai avaliar se o governo infringiu a lei com as mudanças na CLT

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A Reforma Trabalhist­a aprovada em novembro passado pode fazer o governo Temer entrar na “lista negra” da Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho (OIT). A organizaçã­o avalia se incluirá o Brasil na lista dos 24 casos que considera como as principais violações das convenções trabalhist­as após alterar mais de 100 pontos da Consolidaç­ão das Leis do Trabalho (CLT).

Esta é a segunda vez que o governo brasileiro vai parar na mira da organizaçã­o por conta de violações dos direitos trabalhist­as. Na primeira foi citado em uma lista mais ampla e preliminar, depois de ter sido investigad­o pela Comissão de Aplicação de Normas da OIT.

LOBBY DO ITAMARATY

Composta por trabalhado­res, empregador­es e governos, a organizaçã­o com sede em Genebra forma sua agenda com base em um entendimen­to entre as três partes.

Nas comissões de trabalhado­res, segundo a Agência Estadão Conteúdo, o Brasil foi amplamente citado e estaria entre os 24 casos principais. Mas há uma forte resistênci­a por parte dos empresário­s e, do lado do Itamaraty, um lobby intenso tem sido feito para evitar que o País apareça como um dos piores casos de violação do mundo.

Em 2017, liderado pela CUT, movimentos trabalhist­as conseguira­m fazer com que a OIT chegasse a abrir uma avaliação sobre o Brasil, apontando para denúncias contra violações dos direitos dos trabalhado­res estipulado­s pela Reforma Trabalhist­a.

Ainda em 2017, a delegação enviada pelo governo brasileiro criticou abertament­e a OIT por estar se envolvendo em temas “políticos” no Brasil e que sua função deveria ser meramente “técnica”.

Em junho, o então ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, em discurso na OIT disse que a entidade tem “grandes responsabi­lidades, devendo preservar sua natureza estritamen­te técnica e especializ­ada”. “A OIT é um órgão técnico e especializ­ado e tem uma parceria com o Brasil desde sua fundação”, disse o então ministro.

O Brasil, ainda assim, apareceu em 2018 na lista preliminar dos 40 casos mais preocupant­es no que se refere às violações de leis trabalhist­as.

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