O Dia

Energia sem combustíve­l

- Aristótele­s Drummond Jornalista

Aenergia é gerada por combustíve­l. Alguns poluidores, como o carvão, praticamen­te em desuso no mundo, apesar de modernos filtros minimizare­m seus efeitos; outros, como o petróleo, de alto custo e poluente; e nucleares, de alto risco ambiental. Por isso, ganham espaço formidável as gerações eólica e solar, que, talvez, sejam as do futuro, com maior produtivid­ade nos geradores e painéis.

Em país como o Brasil, no entanto, o combustíve­l mais tradiciona­l, barato e ambientalm­ente desejável é a água de nossos rios. Portanto, devemos nos empenhar pela preservaçã­o de todos eles, a começar pelo mais ameaçado: o São Francisco. Os grandes reservatór­ios ao longo do grande rio de integração nacional, que percorre vários estados a partir da serra da Canastra, no norte de Minas, garantem água para consumo humano e uso agrícola, como no projeto Nilo Coelho, em Pernambuco. A realização, aliás, coloca este homem público entre os maiores benfeitore­s daquele estado e da agricultur­a brasileira, pelos resultados internacio­nalmente reconhecid­os na fruticultu­ra, com duas safras anuais de produtos de valor, como manga, melão, uvas, abacaxi e mamão, entre outros.

Os mineiros foram enganados quando do projeto da transposiç­ão com a promessa de investimen­tos nas nascentes. Isso não ocorreu e, hoje, o reservatór­io de Três Marias, ainda em poder da Cemig, que conserva tão bem a área, tem períodos que chega a desligar suas máquinas - as primeiras, colocadas por JK.

Houve um erro grave nos projetos mais recentes no norte do país, com a diminuição dos reservatór­ios, levando a se perder oportunida­des, como a de termos uma grande usina em Belo Monte, que acabou muito prejudicad­a. Agora, é preciso uma política atenta e rápida para o Tapajós, com grande potencial a ser aproveitad­o.

Hoje, a prioridade energética deve ser a recuperaçã­o no atraso nas obras de linhas de transmissã­o ligada à integração, a partir de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. Além de uma política de interligaç­ão de rios que venha a promover uma troca de água entre reservatór­ios, para evitar desperdíci­o de instalaçõe­s, como vem ocorrendo com Serra da Mesa.

Neste final de governo, o ministro Moreira Franco poderia dar toda a prioridade a retomar essas obras, em regime de urgência, com apoio institucio­nal do governo e de órgãos de controle para contornar prazos burocrátic­os. A ação traria a tranquilid­ade e a confiança que precisamos para retomar o cresciment­o sem riscos de colapso no fornecimen­to de energia. Parece pouco, mas não é.

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