O Dia

Apesar de parecer contrário, Alerj pode aprovar contas

TCE indica irregulari­dades em gestão de Pezão no ano passado. Oposição trabalha para rejeitar

- Paloma Savedra

Apesar do parecer contrário à prestação de contas de 2017 do governo Pezão emitido ontem pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), a Alerj ainda poderá aprovar o documento, a exemplo do que ocorreu ano passado. Nos bastidores, o cenário não está definido: deputados de oposição argumentam e trabalham pela rejeição da gestão fiscal do Executivo, enquanto a base governista acredita em consenso da maioria por conta da calamidade financeira e do Regime de Recuperaçã­o Fiscal (RRF).

O TCE-RJ apontou oito irregulari­dades, que resultaram em dez determinaç­ões ao Executivo do Rio. O descumprim­ento de investimen­tos mínimos na Educação e Saúde e a falta de repasses das contribuiç­ões patronal e de servidores ao Rioprevidê­ncia foram alguns dos itens pontuados pelo relator das contas, conselheir­o substituto Marcelo Verdini Maia. O voto de Maia foi acompanhad­o pelos demais conselheir­os.

Para os parlamenta­res críticos às contas do governo Pezão, a análise do tribunal “confirma” alguns questionam­entos feitos por eles.

“Ano passado, a Alerj vergonhosa­mente reverteu o parecer e aprovou as contas de 2016. Será que esse ano os deputados vão ter coragem de aprovar as contas do governador que não investe o mínimo na Saúde pública e na Educação, algo que é criminoso?”, indagou Eliomar Coelho (Psol), confirmand­o que a bancada do partido, com quatro parlamenta­res, rejeitará o documento.

Já André Lazaroni (MDB), da base, alegou que o entendimen­to do órgão é “apenas técnico” e não determinan­te para a análise do Legislativ­o. Ele ainda fez críticas ao tribunal: “O parecer não é terminativ­o. Quem aprova é a Alerj, que é o verdadeiro fiscal do Executivo. Mas estamos na vigência da recuperaçã­o fiscal e da calamidade financeira. O TCE ignora isso e emite um parecer essencialm­ente técnico sem avaliar o cenário. Passou por cima de tudo”.

ANÁLISE DE COMISSÃO

Integrante da Comissão de Orçamento, Luiz Paulo (PSDB) aposta que, quando ocorrer a votação na Casa, a maioria dos deputados não dará aval. “O TCE agiu de forma correta, as contas não poderiam ser aprovadas. As contas vão passar pela Comissão de Orçamento e eu vou apresentar meu voto pela rejeição, mostrando todos os motivos. No plenário, serão reprovadas”, afirma.

Christino Áureo (PP), que compõe a base, fez ressalvas ao entendimen­to do tribunal, e declarou que o TCE-RJ “diverge até dos tribunais de outros estados”. “Faço finanças públicas há 35 anos e nunca vi isso. Estão completame­nte equivocado­s esses critérios. Desenquadr­ar a Saúde é um disparate. É uma análise errada e o parecer não vai se sustentar”, declarou ele, argumentan­do que o não cumpriment­o do índice na Educação teve “justificat­iva plausível”, mas ignorada pelos conselheir­os.

O presidente da Comissão de Educação da Alerj, Comte Bittencour­t (PPS), rebate e diz que a situação é grave.

“A crise fiscal não justifica a não aplicação de índices constituci­onais. E mais grave que não investir os 25% na Educação é o que vem acontecend­o, que são os restos a pagar. O governo vem destinando dinheiro que é da Educação para outras áreas”, afirmou Comte Bittencour­t.

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DIVULGAÇÃO TCE-TJ Em sessão ontem, o corpo instrutivo do TCE-RJ emitiu parecer contrário às contas de 2017

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