Governo federal corta gastos sociais para bancar desconto de R$ 0,46 no diesel
Recursos de Saúde e Saneamento, entre outras áreas, são redirecionados para bancar subsídio do diesel
Aconta das concessões para atender às reivindicações dos caminhoneiros começou a chegar. O governo reduziu ontem, via Medida Provisória, os recursos que destinaria esse ano a áreas importantes dos serviços públicos. Na Saúde, houve cortes na verba para produtos e insumos, combate a doenças infecciosas e promoção da saúde da mulher e da criança. Reforma Agrária, Ciência, Tecnologia e Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres também ficaram com menos recursos. Para as empresas, contratar trabalhadores vai ficar mais caro, com a reoneração das folhas de pagamento. Exportar também vai ser mais difícil, reduzindo a competitividade das empresas brasileiras. O objetivo é somar R$ 9,5 bilhões para bancar o subsídio ao diesel, que será pago com recursos do Tesouro.
O movimento dos caminhoneiros, que durou 11 dias, chegou ao fim durante o feriado. Dos 600 pontos de protesto do auge da crise, ainda havia 65 na manhã de ontem. Mas
a Polícia Rodoviária Federal informou que os últimos focos se desmobilizaram por volta do meio-dia.
A expectativa é que a redução do preço do diesel chegue às bombas a partir de hoje, começando pelos postos mais próximos às distribuidoras. O governo prometeu redução de R$ 0,46 por litro de diesel na refinaria. Esse valor virá da redução da Cide e do PIS/Cofins, no total de R$ 0,16, e diretamente
dos cofres da União, no valor de R$ 0,30.
Os cortes de recursos para os ministérios entram com R$ 3,3 bilhões e se espalham por quase todo o governo. Perderam recursos, por exemplo, a assistência técnica à agricultura familiar, o policiamento às rodovias federais e a construção de sistemas de abastecimento de água em comunidades ribeirinhas.
As empresas bancarão - ou
repassarão-orestantedosubsídio. O Reintegra, um programa quedevolveimpostospagospor empresas que vendem para o exterior, teve a alíquota reduzidade2%para0,1%.Jáoaumento dos custos na contratação de funcionários (reoneração) vai atingir 39 setores, que voltarão a pagar alíquota de 20% sobre a folha de pagamento. O setor de Transporte de Cargas, bem como o de Comunicação, manteve o benefício.