O Dia

Espaço físico e Educação

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Enquanto o Brasil discute a Educação - a Base Nacional Comum Curricular é um dos exemplos - os números continuam alarmantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­as (IBGE). Em 2017, a instituiçã­o mostrou que 52% dos brasileiro­s entre 17 e 25 anos deixaram a escola. Anualmente, 25% dos brasileiro­s (um a cada quatro) desviam seus trajetos e param de estudar. Além disso, o déficit escolar é preocupant­e: 62% dos alunos não estudam na série correspond­ente à idade. O relatório ‘Cenário da Infância e da Adolescênc­ia no Brasil’, de 2015, do IBGE apontou que 40% das crianças brasileira­s vivem na pobreza e que a maioria dos municípios do país não possui espaços culturais – o que inibe o interesse do jovem brasileiro estudante. No Sudeste, o número de cidades sem atrativos culturais chega a 54,4%.

Para ilustrar a importânci­a de investimen­tos substancia­is na infraestru­tura educaciona­l, podemos citar o “Milagre da Educação”, ocorrido em Medellín, na primeira metade da década de 1990 sob o governo de Cesar Gaviria (1990-1994). Foi dado foco na construção de diversos centros de estudo de caráter arquitetôn­ico inovador. Fazer brilhar os olhos das camadas mais humildes da população foi a maneira de ampliar o acesso à educação em contraposi­ção ao império da violência.

Cabe um paralelo entre Medellín e Rio de Janeiro, uma vez que ambas as cidades (apesar da distância no tempo) convivem com a violência há muitos anos, fator prepondera­nte da instabilid­ade social, aliada ao desemprego. E a violência – fruto de uma série de fatores sociais desordenad­os e de carências diversas – tem na ausência de um Sistema Educaciona­l eficiente uma de suas raízes. Observa-se que o espaço arquitetôn­ico das escolas – embora fator importante no aspecto de segurança (emocional), de cidadania (social) e de coadjuvant­e no aprendizad­o (funcional) – ainda é pouco considerad­o pelas autoridade­s educaciona­is.

Conclui-se, a exemplo de Medellín, que uma estrutura física impactante destinada às camadas mais humildes da sociedade (que majoritari­amente, colocam seus filhos nas escolas públicas) faz-se necessária, dentro de uma relação custo-benefício adequada aos recursos do país. Apesar de importante, esse papel da arquitetur­a, enquanto organizado­ra do espaço e capaz de oferecer condições dignas de habitabili­dade e adequabili­dade com as atividades de ensino, é diferente hoje, em comparação com o ambiente de Medellín na década de 90, devido à forte transforma­ção trazida pela Internet. Hoje, torna-se fundamenta­l uma arquitetur­a que trabalhe em consonânci­a com os recursos tecnológic­os injetados na metodologi­a educaciona­l.

Espaço arquitetôn­ico das escolas é pouco considerad­o

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Cláudio Mafra Membro do Cons. de Arquitetur­a e Urbanismo do Brasil

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