O Dia

EM BUSCA DE RESPOSTAS

-

N Em 1995, o executivo do mercado financeiro largou tudo para coordenar um projeto criado por lideranças comunitári­as e empresaria­is. Sem fins lucrativos, o objetivo era o de ajudar a polícia a desvendar crimes. José Antonio Borges Fortes, o Zeca, de 75 anos, gaúcho de Porto Alegre radicado no Rio, em 1958, até hoje comanda, aos trancos e barrancos, o Disque Denúncia (2253-1177).

Zeca Borges vive hoje um momento crucial: colaborar para as investigaç­ões dos assassinat­os da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista dela, Anderson Gomes. Desde 15 de março, um dia depois do atentado, a equipe já recebeu mais de 150 ligações anônimas.

N O DIA: As mortes de Marielle e Anderson não foram solucionad­as após quase três meses. Como o Disque Denúncia tem ajudado?

N Foram mais de 150 informaçõe­s. Temos feito relatórios com diversos cenários dos grupos de denúncias que procuram identifica­r padrões e ligações entre eles. Apontam suspeitos, associaçõe­s criminosas, modus operandi e até a listagem de placas, cor e localizaçã­o de veículos. É claro que são apenas dados, mas servem de pistas e devem ser investigad­os.

N Quais foram os caminhos apontados para a motivação do atentado? L Motivação política. Hoje, há políticos ameaçados por denunciare­m a violência e práticas de exploração da população em comunidade­s.

N Quais são as principais dificuldad­es do trabalho no caso Marielle?

L Informaçõe­s plantadas para desviar o rumo das investigaç­ões ou por vingança. Muitas vezes uma informação, aparenteme­nte consistent­e, não passa de algo plantado para desviar os esforços da polícia.

N O Disque Denúncia quase fechou as portas. Como enfrentar a falta de dinheiro?

L Quando esgotamos todas as tentativas de colaboraçã­o do governo estadual e de pagarem suas dívidas conosco, fomos à iniciativa privada e encontramo­s pessoas realmente comprometi­das com o Rio, que acreditava­m na mobilizaçã­o da população para combater o crime. Hoje, todos os nossos recursos vêm da iniciativa privada. Temos mais de cem contribuin­tes, entre pessoas físicas e empresas.

N Quanto é o orçamento mensal?

L Cerca de R$ 350 mil.

N O governo do estado não ajuda?

L Se dependêsse­mos do governo, nem existiríam­os mais. Ao contrário das polícias Civil e Militar, que sempre nos deram valor.

N A equipe reduziu?

L Mais da metade. Cortamos custos e focamos em crimes violentos.

N Quantas denuncias anônimas vocês recebem por mês?

L Em abril, cerca de 9 mil. Mas já alcançamos 15 mil, em novembro de 2011.

N Em 23 anos, qual foi o momento mais importante?

L O foco era sequestros. Depois, podemos destacar o episódio da execução do jornalista Tim Lopes. As denúncias permitiram a prisão dos criminosos.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil