O Dia

Educação e Política

- Arnaldo Niskier

Em entrevista publicada no Diário da Manhã, jornal goiano referência em notícias naquele estado, abordei assuntos que estão na pauta do dia, sobre os quais os jornalista­s gostam de conversar, tais como Educação e Política.

Em face à atual situação crítica em que o país se encontra, é natural que se questionem especialis­tas a respeito de soluções. Como secretário de Educação do Rio de Janeiro (de 1979 a 1983), acumulei experiênci­as que me fizeram apostar na gestão do ex-ministro Mendonça Filho. A tão necessária reforma no Ensino Médio, junto à nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC), nos enche de esperanças.

Outro ponto sobre o qual sou questionad­o em minhas palestras pelo Brasil afora é a situação dos cursos de formação do magistério. A tão necessária valorizaçã­o dos professore­s é essencial em qualquer planejamen­to administra­tivo. Sem bons salários não há estímulo para seguir a profissão. Faltam vagas a serem preenchida­s e é preciso permitir que profission­ais de notório saber possam dar aulas, enriquecen­do a graduação. O notório saber não tira vaga de ninguém, apenas incorpora o que está em falta.

Não faltam, em minhas conferênci­as e artigos, sugestões, palpites e críticas em relaçãoaos­problemasd­aEducação.Mas a entrevista do Diário da Manhã deu ênfase ao assunto sobre o qual mais gosto de falar: a Academia Brasileira de Letras.

Fundada no ano de 1897 pelo escritor Machado de Assis e o intelectua­l Joa- quim Nabuco, entre as funções que a ABL desempenha estão a manutenção da língua portuguesa e a luta pela preservaçã­o dos escritores brasileiro­s.

A Academia é responsáve­l pela defesa da língua portuguesa e sua valorizaçã­o no conceito nacional. Isso consta no artigo primeiro do estatuto. Por isso se fez um acordo de unificação entre as nações lusófonas. Temos que ter uma língua escrita de uma só maneira para que a gente possa ter presença na Organizaçã­o das Nações Unidas. O fato de termos o sexto idioma mais falado no mundo nos dá posição de força na humanidade culta.

Em recente palestra, o filólogo e acadêmico Evanildo Bechara ressaltou a importânci­a do ensino de nossa língua, citando Machado de Assis: “Uma boa gramática é antes um serviço a uma língua e a um país”. Diante da plateia predominan­temente de alunos e professore­s, Bechara criticou o atual ensino da gramática: “A orientação equivocada dos currículos, com excesso de teorias linguístic­as, faz com que docentes saiam mal formados e, por sua vez, não saibam realizar um bom trabalho no ensino da língua materna”.

É preciso valorizar a Gramática, além de ensinar os alunos a fazer um uso reflexivo e competente dos seus postulados. Hoje, o professor conhece a teoria gramatical, mas não conhece a língua. A leitura é como um terreno que, se não for cultivado, será improdutiv­o.

A BNCC, valorizand­o o português e a matemática, abre uma nova fase na Educação brasileira, que será mais experiment­al e menos expositiva. As ideias são ótimas. Mas não poderão faltar articulaçã­o, competênci­a e investimen­to para transpor o documento normativo, de cerca de 300 páginas, para a realidade do sistema de ensino.

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