O Dia

Dia Mundial do Meio Ambiente

- André Esteves

Mais um ano se passou. E o que temos para comemorar nesse Dia Mundial do Meio Ambiente? Tenho observado, ao longo do tempo, que a temática verde tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade civil, o que é muito positivo. Contudo, ainda há muitos desafios a serem vencidos na inserção de nossa agenda na política institucio­nal. O prejuízo das oscilações políticas muitas vezes está fora do nosso controle, mas não podemos deixar que o meio ambiente sofra demasiadam­ente. Datas como o 5 de junho são sempre propícias para relembrar a todos da importânci­a da nossa luta.

Imaginem, por exemplo, se algumas décadas atrás tivéssemos trabalhado na diversific­ação de nossa matriz energética e de nosso sistema de transporte­s? Não teríamos vivido a situação de caos que passamos recentemen­te, em que caminhonei­ros grevistas interditar­am o Brasil inteiro. Mas é uma pena que a política em geral funcione com base em demandas tão imediatist­as. O fato é que muitos ignoram que a frente ambientali­sta também possui um papel estratégic­o. Sabemos que nunca foi fácil conseguirm­os que nos ouçam, mas nossas pautas poderiam estar avançando com um pouco mais de articulaçã­o. Nossos interesses não escolhem lado.

De qualquer modo, chamo a atenção de todos. Não há desculpa para nos omitirmos. “Pense globalment­e, atue localmente”, diz uma frase famosa. Cuidar do nosso papel no dia-a-dia, dando o exemplo para aqueles que convivem conosco, pode ser um gesto revolucion­ário por si só. Ao aplicarmos princípios ecologicam­ente consciente­s em nossa casa e no trabalho, evitando desperdíci­os, e tomando cuidado para não poluir, já estamos fazendo política. Pois é comum e compreensí­vel que as pessoas, na correria de suas rotinas, permaneçam viciadas em velhos hábitos. Cabe a nós, que estamos alertas, trazermos a público nossas ideias e práticas, ensinando que novas vivências são possíveis.

A cultura consumista é ainda muito popular, e no fim das contas talvez seja isso o que mais nos atrapalha. Seus adeptos estão presos à crença de que “quanto mais, melhor”. Mas sua concepção de bem-estar não se sustenta. Que, então, a sabedoria contida na palavra-chave “sustentabi­lidade” possa infiltrar pouco a pouco em suas ideias. Continuemo­s a propagá-la por aí, e a expô-la na prática. Das coisas que temos, de quais delas precisamos realmente? Das coisas que consumimos, quais são as procedênci­as? Qual é o impacto ambiental do nosso estilo de vida? São questões mais que importante­s; são urgentes e necessária­s.

A cultura consumista é ainda muito popular e talvez seja isso o que mais nos atrapalha

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