Conversas transadas
A cartunista e apresentadora Laerte estreia quarta temporada de programa no Canal Brasil, fala sobre transgeneridade e relação com netos
“Transar, nos anos 70, era uma gíria mais polivalente do que hoje”, explica Laerte Coutinho, que estreia hoje, à meia-noite, a quarta temporada do ‘Transando com Laerte’, no Canal Brasil. “Procuramos evocar as acepções que tinha - de troca, de plano, de combinar coisas, de cumplicidade. Tem o sentido de sexo, claro - que é bemvindo - e também a raiz ‘trans’, presente na transgeneridade e nas conversas sobre gênero”, acrescenta a apresentadora, que na estreia conversará com a cantora trans Liniker, e nos próximos programas com a youtuber Jout Jout, a atriz Leona Johvs e a musicista Tunica Teixeira, entre outros.
“Eram conversas que eu queria ter, faz tempo. Fico um pouco intimidada com pessoas que mostram tanta desenvoltura em público, em sua arte e sua expressão. Dá vontade de ficar só curtindo. Mas ambos se revelaram deliciosos momentos de encontro”, detalha Laerte sobre a conversa com Liniker e Jout Jout.
O PROGRAMA
No bate-papo, que vai de histórias de vida dos convidados até temas contemporâneos, tanto entrevistadora quanto entrevistados têm ao alcance uma bebida para coroar o encontro, como caipirinha ou vinho. “Ofereço para as pessoas o que elas preferirem. Eu mesma gosto de conversar bebericando”, confessa Laerte.
ENTREVISTADORA
A cartunista e apresentadora confessa que a primeira coisa que aprendeu com o programa é que dar entrevista é muito mais fácil do que entrevistar. “A posição de quem convida e recebe para uma conversa traz a responsabilidade pela sua condução. Isso envolve antena para avaliar com que interesse está fluindo, para que lado ou tema pode apontar, envolve conhecimentos e informações. Nossa, essa parte é tensa”, entrega, com humor.
MULHER TRANS
Sendo uma mulher trans, Laerte diz que a experiência dela na transgeneridade é atipicamente positiva e tranquila. “Quando penso nela só lembro do lado gozoso, da alegria das descobertas e da paz pessoal que elas trazem. Mas não vivo numa redoma. Sei, claro, do horror que é o modo como no Brasil se trata a pessoa trans e procuro fazer parte da luta pra que isso mude”, defende.
Para os netos pequenos, a questão da transgeneridade não existe. “Me chamam de ‘vô’, mas sabem que sou ‘menina’. Sempre que perguntam algo nessa área de gênero, respondo com clareza e tudo bem”, detalha a artista, que não é fã de datas comerciais, como o Dia dos Namorados (na próxima terça). “Data, para mim, tem que ter algum sentido, como o Dia do Trabalho, o Dia do Orgulho LGBT, o Dia da Visibilidade Trans”, lista a chargista, que não acredita na cara metade. Você namora? “Não tenho me preocupado com namoro, já tem algum tempo. Às vezes estou com alguém, às vezes não”, frisa a apresentadora.
“Não tenho me preocupado com namoro, já tem algum tempo. Às vezes estou com alguém, às vezes não” Laerte, Apresentadora