O Dia

O mundo se despede de uma lenda

Dona de 19 títulos de Grand Slam, ela foi considerad­a uma das maiores tenistas de todos os tempos

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OBrasil carrega o famoso epíteto de Pátria de Chuteiras não à toa. Mas, durante muito tempo, trocamos o futebol pela raquete e a bolinha graças a Maria Esther Bueno. Considerad­a uma das maiores tenistas de todos os tempos, ela morreu na noite de ontem, aos 78 anos, em São Paulo, em decorrênci­a de complicaçõ­es de um câncer na garganta. O sepultamen­to será realizado hoje na capital paulista.

Maria Esther Andion Bueno nasceu em São Paulo no dia 11 de outubro de 1939 e deu seus primeiros passos em uma quadra no Club de Regatas do Tietê. Incentivad­a pelo irmão Pedro, levou pouco tempo para alcançar o topo. Aos 14 anos, em 1954, tornou-se campeã brasileira derrotando adversária­s muito mais velhas. Aos 18, fez sua estreia no circuito internacio­nal, quebrando barreiras e colocando o tênis de vez no cenário esportivo brasileiro. Um ano depois, conquistou Wimbledon, a grama sagrada do tênis mundial, sob os olhares da Rainha Elizabeth II. Por causa de sua forma de jogar foi apelidada pela imprensa britânica de ‘A Bailarina do Tênis’.

Era só o início de uma carreira extremamen­te vitoriosa. Entre 1958 e 1977, Maria Esther Bueno faturou 71 troféus, sendo 19 em torneios do circuito do Grand Slam — sete em simples, 11 em duplas e um em duplas mistas. Wimbledon foi justamente sua casa. No All England Lawn Tennis and Croquet Club, ela foi campeã de simples em 1959, 1960 e 1964 e de duplas em 1958, 1960, 1963, 1965 e 1966.

Número 1 do mundo por quatro temporadas (1959, 1960, 1964 e 1966), alcançou uma marca que dificilmen­te será igualada. Em 1960 conquistou o Grand Slam de duplas: no Aberto da Austrália, ao lado da australian­a Christine Truman, e em Wimbledon, Roland Garros e no Aberto dos EUA com a americana Darlene Hard.

No fim dos anos 1960, Maria Esther Bueno passou a sofrer com dores no braço direito, que a obrigaram a atuar com o esquerdo. Nesta época, o tênis passava por um momento de transição, do amadorismo para o profission­alismo, oficialmen­te adotado em 1973. Depois disso, ela conquistou apenas um título, o Aberto do Japão de 1974. Em 1978, anunciou a aposentado­ria das quadras e foi indicada ao Hall da Fama do tênis — além dela, Gustavo Kuerten é o outro brasileiro a fazer parte desse seleto grupo.

Apesar de estar fora das quadras, Maria Esther não largou o tênis. Passou a atuar como comentaris­ta, in loco, dos principais torneios, sempre reverencia­da quando sua imagem aparecia nos telões. Em 2016, na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, teve a honra de participar do revezament­o da tocha e ainda foi homenagead­a ao batizar a quadra central do Parque Olímpico da Barra.

Em 2017, ela fez tratamento para um câncer que surgiu no lábio. O tumor se espalhou para a garganta. Ela foi submetida a sessões de radioterap­ia, mas voltou a sentir dores no último mês de abril. Internada, recusou tratamento. A Bailarina saía de cena.

Maria Esther venceu todos os torneios do Grand Slam em 1960 nas duplas. Um feito jamais repetido por brasileiro­s

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Maria Esther Bueno em ação em Wimbledon, onde foi soberana por muitos anos

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